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Dores pós-chicungunha? Saiba quando e como voltar a praticar exercícios

Herança dolorosa da arbovirose pode ser combatida com exercícios

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Cadastrado por

Marília Banholzer

Publicado em 07/08/2021 às 9:00
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Pode parecer um contrassenso, mas para se recuperar mais rápido das doloridas sequelas da chicungunha, ou chikungunya, fazer exercícios físicos é o melhor caminho. Essa arbovirose é uma infecção viral, transmitida pelos mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus, que tem os mesmos sintomas da dengue e da zika, mas que causa fortes dores nas articulações. Após seu período mais crítico, chamado de fase aguda, quando o paciente está sentido todos os sintomas, a doença perdura na sua fase crônica, fazendo as dores e inchaços articulares voltarem por semanas, meses, ou até anos.

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Pilates é um bom exercício para lutar contra as dores da chicungunha - Divulgação

Em Pernambuco, somente em 2021 ( de 3 de janeiro a 17 de julho) houve 18.220 notificações, com 7.140 casos confirmados e 2.841 descartados. Esses números são 373,7% maiores do que o mesmo período de 2020 (com 3.846 casos). Esse aumento exponencial tem feito o tema chicungunha ser ser comum em rodas de conversas. As pessoas relatam a dificuldade de lidar com as dores incapacitantes deixadas de herança pela doença, por isso, vencer o desânimo acarretado por elas nem sempre é fácil.

No entanto, a médica Diana Campos, especialista em medicina ortomolecular, orienta que fazer exercícios físicos é um forte aliado no processo de recuperação. Mesmo quando a pessoa está com dor, após a fase aguda, é importante se movimentar. "As sequelas da chicungunha são diferentes de pessoa para pessoa. O histórico de doenças de base e até se ela era ativa ou sedentária vai determinar o processo de recuperação", obeserva.

A especialista explica que todas as doenças que acometem nosso corpo parte do principio da infecção. Seja por vírus ou bactéria, ou qualquer outra doença, nosso organismo está sempre lutando contra algum tipo de infecção que gera inflamação. "Quando nos exercitamos há uma maior circulação sanguínea, o que gera maior oxigenação do órgãos e dos músculos, além da produção da endorfina que é o hormônio do prazer e um analgésico natural, importante contra os processos inflamatórios", analisa Diana Campos.

FILIPE JORDÃO/JC IMAGEM
Fisioterapia pode ser grande aliada no processo de recuperação das dores - FILIPE JORDÃO/JC IMAGEM

A médica explica que a rápida recuperação da chicungunha depende e um corpo com a musculatura fortalecida e boa mobilidade nas articulações. Mas calma! Não significa que para se recuperar das dores você vai correndo para a academia fazer musculação. Provavelmente, o desconforto nas articulações nem permitiram tamanha "trela".

O ideal, segundo a especialista, é começar aos pouco, com exercícios semelhantes à uma fisioterapia. Se possível, até com o uso de tens, ultrassom, massagens com óleos e até mesmo o uso de emplastos. Outras opções seriam yoga e pilates, que mesmo com exercícios mais leves conseguem promover a circulação sanguínea no organismo. Um próximo passo seriam as caminhadas e andar de bicicleta.

"É preciso evoluir aos poucos, respeitando os limites do corpo, mas mesmo quando você está com dor nos punhos, deve fazer exercícios para as pernas, e vice e versa. O importante é se movimentar", aconselha a médica Diana Campos. Já para quem gosta de fazer exercícios de força, como musculação e crossfit, o ideal é retornar às práticas usando pesos mais leves e ir progredindo na carga. "A chicungunha é o tipo de doença que pode lhe forçar até mesmo a mudar a fora de pegar numa maromba, então tenha sempre o acompanhamento de um profissional", comenta.

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Treinamentos de força devem ser recomeçados com cargas leves - Divulgação

Além dos exercícios, é preciso manter um acompanhamento médico com um reumatologista, por exemplo, para que sejam administrados medicamentos que ajudem a controlar as dores deixadas pela chicungunha. "É extremamente importante que as pessoas não se automediquem. Arboviroses podem causar distúrbios de coagulação e tomar muito analgésicos pode causar rompimento de fígado", alerta Diana Campos.

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