Polêmica

Chip da beleza: entenda o que é o tratamento que a Anvisa proibiu a propaganda

Decisão da Anvisa coloca o chip da beleza e a gestrinona em evidência

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Marília Banholzer

Publicado em 29/12/2021 às 7:00
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Este mês, uma decisão da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibiu a propaganda da gestrinona e de produtos que contêm essa substância sob o risco de "risco à saúde pública". Amplamente difundido como  "chip da beleza", a gestrinona é um hormônio esteroide com ações anabolizantes. Celebridades barsileiras como Letícia Birkheuer, Daniella Sarahyba, Adriana Sant’Anna, Mariana Goldfarb e Viviane Araújo são algunas mulheres que já se submeteram ao implante do chamado chip da beleza. 

Na Resolução 4.768, de 22 de dezembro, a Anvisa argumenta que a divulgação da substância fere regras que restringem propaganda de produtos com necessidade de prescrição e manipulados a médicos, cirurgiões-dentistas e farmacêuticos. Por isso, adotou a medida preventiva.

"No Brasil, a utilização de implantes hormonais utilizando esteroides sexuais e seus derivados aumenta de forma avassaladora. Por serem apresentações customizáveis, existe um real risco de superdosagem e de subdosagem", alerta o texto da Anvisa sobre o chip da beleza.

A decisão lança luz sobre uma debate que se arrasta nos últimos cinco anos. Em tempo, os implantes hormonais se popularizam como forma de regulação de taxas, seja para homens ou mulheres. No entanto, há alguns ano a gestrinona passou a ser usado para fins estéticos e a combinação com outros tipos de hormônios passou a se intensificar. O nome "chip da beleza" surgiu no meio desse processo.

Segundo o professor e médico endocrinologista, Dr. Guilherme Renke, membro diretor sociedade brasileira de medicina e obesidade (Sbemo), este é um nome muito equivocado para o implante de um determinado hormônio que possui a substância gestrinona. Tal hormônio, inclusive, era injetado no corpo da mulher com a justificativa de tratar, por exemplo, a endometriose.

"Os implantes hormonais são seguros para quase todas as mulheres, incluindo adolescentes, bem como mulheres no período pós-parto e pós menopausa. As barreiras ao acesso para os implantes hormonais permanecem, incluindo aquelas relacionadas à educação, preconceitos, treinamento dos médicos, custo e logística", ressalta Dr. Guilherme.

Porém, em resposta a ofício da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem), a Anvisa reforçou que "não há medicamentos contendo o insumo farmacêutico ativo gestrinona com registro sanitário válido no Brasil". Destacou ainda que "tampouco constam em seu banco de dados pedidos de registro aguardando análise ou em avaliação pela área técnica".

"Em outras palavras, não é possível alegar que esses produtos são eficazes e seguros, o que representa, per se, um risco à saúde pública", diz a nota técnica da agência.

O que é o chip da beleza

Vamos começar pelo nome: esqueça o termo "chip da beleza". Primeiro, porque não se trata de um chip, mas sim de implantes, que são tubos de material inorgânico utilizados como uma via de administração de medicamento. Depois, porque a informação de que esse implante está relacionado à beleza não tem qualquer apoio da medicina ou de estudos clínicos.

O implante é do tamanho de um palito de fósforo. O dispositivo de silicone é implantado no corpo para liberar hormônios, como a gestrinona. A promessa é que, com os efeitos androgênicos da substância, ocorra emagrecimento, ganho de massa muscular e aumento na disposição física. No entanto, segundo a Anvisa, costuma-se omitir nos anúncios que esses implantes não têm registro agência e podem causar efeitos colaterais. Desníveis de colesterol, problemas no coração e no fígado, entre outros, estão entre as complicações mais comuns do chip da beleza.

No início de novembro, a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem) divulgou posicionamento contrário ao implante de gestrinona. O documento destacou que "a gestrinona tem sido usada erroneamente por mulheres na busca de melhora da performance física e estética".

Em resposta a ofício da Sbem, a Anvisa reforçou que "não há medicamentos contendo o insumo farmacêutico ativo gestrinona com registro sanitário válido no Brasil". Destacou ainda que "tampouco constam em seu banco de dados pedidos de registro aguardando análise ou em avaliação pela área técnica". "Em outras palavras, não é possível alegar que esses produtos são eficazes e seguros, o que representa, per se, um risco à saúde pública", diz a nota técnica da agência.

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