O humorista carioca Marcelo Adnet, de 38 anos, respondeu uma longa entrevista à revista Veja, que foi publicada nesta sexta-feira (10). Além de abordar questões profissionais sobre os trabalhos na TV Globo como o programa Fora de Hora e sua opinião como imitador do presidente Jair Bolsonaro, chamou atenção do público uma revelação bastante pessoal: ele fora abusado sexualmente na infância por duas vezes, aos 7 e aos 11 anos.
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Adnet respondia sobre o fato de ser machista após ser acusado de traição em duas ocasiões: "Como grande parte dos brasileiros, fui educado com base em padrões que hoje não são mais aceitos. É claro que já devo ter sido machista, mas acredito que muito menos do que a média. E isso, certamente, tem a ver com traumas que sofri".
A reportagem questionou que traumas seriam esses e Marcelo Adnet revelou os detalhes. "Fui abusado sexualmente duas vezes, aos 7 e aos 11 anos. Na primeira, nem sabia o que era sexo. O caseiro do lugar onde eu passava as férias começou a se aproximar de mim e pedir favores. Ele me chantageava dizendo que, se contasse algo a qualquer pessoa, meu cachorro morreria. Eu era muito ingênuo. Um dia, quando só estávamos eu e ele em casa, foi para cima de mim. Senti uma dor imensa, mas durou pouco porque meus parentes, que tinham ido ao mercado, voltaram para buscar a carteira", lembra Adnet. De acordo com o humorista, o caseiro foi pego em flagrante.
Na segunda vez, o apresentador da Globo estava com 11 anos e a violência sexual partiu de um amigo próximo da família. "Mais tarde, o pesadelo se repetiu com um amigo mais velho da família. Ele não chegou a consumar o ato, como o caseiro, mas me beijou e passou a mão no meu corpo. Foram dois episódios difíceis", desabafa.
Apesar de nunca ter revelado publicamente os crimes, Marcelo não esconde o trauma. Para lidar com o problema, o ator recorreu a terapia. "Para se ter uma ideia, só depois da morte desse conhecido da casa, há cerca de dez anos, consegui contar à minha família. Hoje, já falo de maneira natural porque entendi, após anos de análise, que o constrangimento não é meu, e sim de quem me abusou. O que fica disso é o susto, o trauma, a desconfiança", explicou.