É 2020 e você com certeza já esbarrou no nome DJ Cleiton Rasta. O Facebook ainda era a principal produtora de memes quando o vídeo dele bombou na internet.
Lá pelos meados de 2014, a 1ª Gravação do DVD Dose Dupla de Cajueiro Edivaldo Pedra e Cleiton Rasta, em Alagoas, rondava as páginas de humor da rede social. “Bora debochar legal”, expressão gritada por Cleiton, virou o bordão do momento.
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A canção tocada por ele era Cabeça de Gelo, do cearense Shalon Israel. No vídeo, a música aparecia remixada numa espécie de reggae melódico e arrastado. “Esse bixo tá desconsiderando o nego oh”, colocava todo público para dançar, incluindo integrantes da Mancha Azul, torcida organizada do CSA, e torcedores trajados com a camisa do CRB (uma das rivalidades mais violentas do Nordeste).
“Às vezes o Reggae é mal falado, mas os shows que eu toco é na boa. As pessoas curtem na paz. E ali naquele dia, todo mundo podia estar na festa com a camisa de time. O pessoal me considerou, sabiam que era uma gravação e cada torcida vinha pedir um salve”, explica José Aletácio, o Cleiton Rasta, em entrevista por telefone.
Infelizmente o vídeo original foi tirado do ar com o aval do próprio artista. Na época, a repercussão gerou comentários preconceituosos sobre o público, que se portava justamente como o oposto do que era estereotipado.
Mas a popularização do meme também rendeu bons frutos. De lá para cá, o DJ Cleiton Rasta emplacou uma intensa agenda de apresentações, que inclui shows em festivais de renome como o DJ Set, de São Paulo, e o No Ar Coquetel Molotov, em Recife.
Inclusive, é para o festival recifense que o DJ retornou recentemente, agora para o modelo virtual. Cleiton Rasta foi um dos artistas do Palco TNT, junto com outros nomes de destaque.
Para a apresentação, ele preparou um set que bebe das suas influências do reggae maranhense, mas também de outras fontes. “São as músicas que a galera mais gosta. O som da Maravelha, o som do Cabeça de Gelo, Olhos Verdes, Tchonga, que o pessoal pouco conhece”.
O repertório expandido é também fruto do intercâmbio maior com outros artistas do gênero. Antes da pandemia, o DJ vinha se apresentando com frequência pelo sul do país.
“Cada um tem o seu estilo de tocar as suas músicas. Curitiba, São Paulo, pelo Sul, eu conheci bastante gente que vive do Reggae, tocando nas casas de shows, e que foram se apresentando nos mesmos eventos que eu”, diz.
Com a quarentena, o DJ teve que recorrer as lives para continuar a carreira. No seu Instagram @djcleitonrastaoficial, atualmente com 147 mil seguidores, ele faz divulgação de apresentações em festivais online e transmissões de sets.
Mas no início, as coisas não foram tão fáceis assim, conta ele. “No começo estava mais complicado. Eu tive que vender meu Instagram com 38 mil seguidores para uma loja de celulares”.
“Assim que começou um mês (de quarentena), eu criei outro e foi nele que fiz minha primeira live. Ai bombou, do dia para noite, eu bati esses 147 mil seguidores que tenho agora”, conta.
O estilo despojado e “debochado” foi certeiro. Nas lives, Cleiton Rasta aposta na interação constante com o publico que fica pedindo “salves” ao artista. Mas não pense que sua arte é limitada a isso.
Na leveza do reggae melódico, o DJ vai misturando músicas a frases e vinhetas. Ele aposta em hits antigos, clássicos do reggae internacional e outros garimpados do cenário nacional. Quase uma extensão sonora da sua personalidade, que parece não se desprender das músicas. Afinal, como ele mesmo gosta de ressaltar: “É pra galera debochar legal”.