Duas recifenses estão entre os autores dos 23 poemas publicados em Poetas do Brasil: A Minha e Outras Poesias (R$ 40), antologia organizada pela editora catarinense Expressividade com o intuito de difundir a escrita de novos literatos. Oficialmente publicado no último dia 22 de julho, o livro reúne textos de autores de várias regiões do país, avaliados e selecionados entre algumas centenas enviadas ao conselho editorial, partindo da ideia de Vanderlei Constantino de Souza, editor-chefe da Expressividade.
Do Recife saíram os versos de Ana Santiago e Cecília Tenório. Ana conta que a sua relação com a escrita já data de algum tempo, e começou ainda na infância, por volta dos 12 anos, quando não havia pretensão de ser escritora. "Ainda não me considero uma (escritora) ou poetisa", se diverte.
"A escrita sempre foi uma forma de colocar os sentimentos e ideias para fora, uma forma de desabafar comigo mesma, digamos assim. E sempre foi muito natural porque eu não seguia regras, nem padrões de escrita com os quais a gente está acostumado. Até hoje sigo desse jeito, misturando palavras, fazendo umas rimas doidas", confessa.
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Os primeiros compartilhamentos públicos do que escrevia, ela explica, só aconteceram já perto dos 20 anos de idade, em meados de 2015, quando decidiu criar um blog.
"Criei para poder deixar 'guardados' meus escritos, já que eu escrevia em caderninhos e folhas soltas e acabei perdendo boa parte deles. Desde então, alimento o blog até hoje, o Falando de Vera (www.falandodevera.com.br), que acabou virando também um perfil no Instagram (@falandodevera)".
"Falando de Vera, de tudo e do mundo. Vontade, necessidade e pensamentos em palavras. Colocar pra fora e compartilhar uma consciência guardada. Sem rima obrigatória, sem roteiro e sem métrica. Só palavras", diz a publicação de apresentação do perfil.
O desejo de publicar um livro, então, surgiu há poucos anos, a partir da vontade de concretizar, materializar, esses textos. "Foi uma ideia difícil de amadurecer, porque eu sentia muita vergonha do que eu escrevia", relembra Ana. "Mas eu percebi que da mesma forma que vários poemas me ajudaram (e me ajudam até hoje), os meus textos poderiam ajudar alguém e também me ajudam, já que funciona para eu botar o que tá engasgado pra fora. E um livro seria uma grande realização disso tudo. Comecei a mandar desde 2018 meus textos para alguns editais, mas recebi negativa de todos e fiquei meio desanimada. Então, em junho desse ano, eu vi uma postagem do perfil no Instagram da Editora Expressividade sobre uma seleção de poemas que estavam realizando, chamando autores de todo o Brasil. Decidi tentar mais uma vez e enviei dois poemas que foram aceitos. E foi muito massa, principalmente porque são dois textos pelos quais sinto um afeto muito grande e falam muito de mim e sobre o que eu penso enquanto pessoa e ser social. Espero que tenha mais um próximo vindo por aí". Os dois poemas assinados por Ana Santiago são Silêncio – não mais e Memórias, que abordam sentimentos e preocupações com questões sociais, principalmente em relação às pessoas negras, ao racismo estrutural e à banalização da violência policial. "Às vezes passam despercebidas/Ou seguem em frente forçadas/Mas sempre voltam/Involuntariamente retornam/De várias maneiras/Perfume que a gente cheira/Texto que inspira/Palavra de franqueza/Cabeça cheia de mentira", se debruça em trecho de Memórias. Outra antologia sob organização da Editora Expressividade também chegou há pouco ao público. Contistas do Brasil: Estórias Que Eu Conto reúne "uma coleção de textos literários agrupados por temática, período ou autoria", assinados por Eliana da Silva, Beatriz Veloso, Hélder Felix, Ediny Emiliano, Eudilio Aureliano Cotrim, Laiane Carvalho, Paula Forte, Hélio Gomes Félix, Domingos Raul e Marcos André. Os dois livros podem ser adquiridos através do site da editora (editoraexpressividade.com.br).
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