Obras que subvertem o imaginário clássico associado aos super-heróis pelo viés do humor ácido já fazem sucesso no mundo dos quadrinhos e no circuito há tempos — e têm ganhado força também na cultura de massa. Filmes como Deadpool, as séries The Boys e Invincible (Amazon Prime), entre outras produções, têm conquistado público e aberto outras possibilidades de pensar as subjetividades de pessoas com poderes sobre-humanos. Dentro desse filão, a Netflix lançou Esquadrão Trovão, comédia de ação que reúne Melissa McCarthy e Octavia Spencer. Atualmente, o filme é a produção mais assistida na plataforma de streaming no Brasil.
O longa acompanha a jornada das amigas Emily Stanton (Octavia) e Lydia (Melissa) desde a infância e adolescência, quando eram inseparáveis, até o início da vida adulta, quando seguem por caminhos diferentes e perdem contato. Elas vivem em um mundo aterrorizado pelos Meliantes, seres humanos com tendências sociopatas que ganharam superpoderes após a Terra ser atingida por raios cósmicos.
As duas reencontram-se décadas depois, quando ambas já se aproximam dos cinquenta anos, em uma situação atípica: quando Lydia tenta se reaproximar de Emily, agora uma das maiores geneticistas do mundo, e acaba recebendo acidentalmente uma fórmula que lhe dá superforça.
Emily, que teve seus pais assassinados por Meliantes e estava desenvolvendo o produto para ela mesma combater os vilões, inicia o tratamento para adquirir o poder da invisibilidade. Juntas, montam a improvável equipe Esquadrão Trovão e começam a dar algum tipo de esperança a uma Chicago massacrada pelo crime. Como principais inimigos, elas precisam enfrentar o perigoso político O Rei (Bobby Cannavale) e Laser (Pom Klementieff), uma Meliante.
Apesar da boa premissa, Esquadrão Trovão nunca engata de fato. Algumas poucas cenas de ação chegam a empolgar e divertir e a dupla de protagonistas parece estar se divertindo em cena. O longa insinua várias nuances, como a sororidade, a relação entre mãe e filha, os anseios e a forma como a sociedade vê mulheres acima dos quarenta anos, mas, não são aprofundadas. Toda a trama é superficial e previsível, além das piadas não conseguirem, de fato, divertir.
Não que o filme se proponha a, estruturalmente, revolucionar, mas, não deixa de ficar a sensação de oportunidade desperdiçada. No entanto, a julgar pelo sucesso da produção, é possível que o filme ganhe uma sequência, como já insinua um gancho no final da trama.