A trágica morte do menino Miguel Otávio Santana da Silva, que caiu do 9º andar de um edifício no Recife, chocou o Brasil, em junho de 2020. Sua mãe, Mirtes Renata, era empregada doméstica e precisou levar o filho para a casa da patroa, Sarí Corte Real, em meio à pandemia. Deixando o pequeno sob os cuidados da empregadora, ela desceu para passear com o cachorro da família, mas, quando voltou, descobriu que seu filho sofrera o acidente fatal. O caso chocou também Adriana Calcanhotto, que compôs a música Dois de Junho (data da morte de Miguel), canção que ganhou interpretação de Maria Bethânia no álbum Noturno, lançado nesta sexta-feira (30) nas plataformas digitais.
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Apresentada por Adriana Calcanhotto em uma live, a canção foi requisitada por Maria Bethânia, também comovida com a tragédia, para seu novo álbum. Na primeira e única transmissão ao vivo que fez durante a pandemia, em 13 de fevereiro, a cantora baiana interpretou a canção em homenagem a Miguel. Em entrevista ao Jornal do Commercio, ela afirmou que a trágica morte do recifense se trata de um "relato do funcionamento da pandemia" no Brasil.
"[A música] É um grito, uma coisa dilacerante", afirmou Bethânia. ""É um relato, um relato do funcionamento das pessoas na pandemia, com suas nuances de situações: a empregada, a patroa, o filho que não tem com quem ficar, porque [a mãe] precisa se manter. E é uma indiferença.... Vamos pedir a deus misericórdia. É uma linda crônica da adriana, com muita dor. Fiquei muito honrada dela me convidar para dar voz", afirmou a cantora
Ouça também a versão de Adriana Calcanhotto:
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