O primeiro fim de semana de setembro foi uma prova de fogo para a TV Globo, que preparou duas grandes estreias que redefinem os sábados e domingos da emissora carioca - ao menos, até o fim deste ano: Marcos Mion iniciou a sua temporada em um novo Caldeirão, e Luciano Huck herdou o horário nobre de Fausto Silva para entregar o seu Domingão Com Huck. E assim como os dias foram diferentes, os sentimentos que foram provocados nos telespectadores também foram, de certa forma, antagônicos, como um verdadeiro Yin-Yang: enquanto um levou a alegria despretensiosa para a tarde de sábado (4), o outro insistia em provocar a emoção e o choro na noite de domingo (5).
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Marcos Mion, sem dúvidas, fez a melhor estreia deste fim de semana. Ainda que um programa gravado, gerado em pouco menos de 20 dias na Globo, e herdando a marca (e alguns quadros) deixada por Luciano Huck, o ex-Record TV chegou em seu novo palco e emissora no último sábado (4) "ligado no 220", que é bem o seu estilo, e isso o favoreceu bastante. Com o jeito "Mionzera" de ser, interagiu bem com os artistas convidados e plateia, abordou assuntos inusitados com bom humor e, claro, trouxe a sua marca de brincar com um chroma-key "zoando" com o vasto arquivo de sua nova emissora. Resultado: uma audiência expressiva e muita repercussão positiva nas redes sociais, que comemorava junto com o apresentador a chegada do "Caldeirola do Mionzera", o que faz pensar se realmente a Globo vai deixar esse alto astral, de fato, apenas até o fim do ano, como divulgado oficialmente.
No contraponto, Luciano Huck começou com o pé esquerdo. Com uma operação gigante da TV Globo, a estreia do apresentador aos domingos viria após um jogo Brasil X Argentina, gerando a promessa de começar com uma audiência alta, mas o "golaço da Anvisa" que interrompeu e acabou cancelando o jogo - devido a falta de ética da comissão argentina, inclusive - com apenas 4 minutos de começar, fez a Globo pensar rápido e colocar um filme aleatório antes da estreia prometida. E entrando ao vivo, Luciano Huck já tinha uma obrigação de elevar o astral, e também os números, da maneira mais complicada possível.
Porém, também não foi isso que aconteceu. Preso ao estilo "inspirador" trazido do Caldeirão, Luciano preferiu abrir seu Domingão com uma "história de vida" de um cantor paraibano que se intitulava o 'Rei do Brega', e provocar a emoção do público em realizar o sonho deste artista de se apresentar num palco de televisão. Em seguida, o Quem Quer Ser Um Milionário?, um game show de perguntas e respostas já conhecido dos espectadores - oriundo do antigo Caldeirão - , mas que Huck faz questão de provocar a emoção e "uma boa história" de cada participante. E um agravante: o candidato de ontem conseguia ser mais falante que o próprio apresentador, deixando o público de casa ainda mais enfadado com um personagem quase esnobe e desinteressante.
SALVAÇÃO
O entretenimento prometido aos domingos ficaria naquela noite, de fato, com o Show dos Famosos - quadro remanescente da "era Faustão". Mas Luciano Huck ainda não soube se apropriar da competição de artistas, querendo levar mais um didatismo do que elevar o astral junto com os números musicais. Como se não bastasse, sua produção pecou em errar na edição do quadro e por alguns minutos, exibiu o segundo bloco antes do primeiro. Por fim, encerrou o programa com a história inicial do Seu Domingos, que de "Rei do Brega", teve que se adaptar em cantar um pagode ao vivo junto com Luan Santana e Alcione, que embora grandiosos artistas, foram subaproveitados em cantar após o número apenas uma música cada.
Por tudo isso, este fim de semana na Globo foi diferente. O público experimentou a alegria ao extremo e sob medida de Marcos Mion no sábado, mas encarou os discursos motivacionais de Luciano Huck, que mesmo que seja um ótimo comunicador, precisa entender o que é um "Domingão" de fato. Ou ele tenta elevar o astral nos próximos programas, ou ficará difícil fidelizar o público que quer esquecer que no dia seguinte é uma segunda-feira e busca apenas uma boa diversão, como diria seu grande antecessor, "na telinha do plim-plim".