Com informações da repórter Beatriz Albuquerque, da TV Jornal
Nações de Macaratu seculares protestam na manhã desta terça-feira (5) em frente à sede da Prefeitura do Recife, no Cais do Apolo, Centro da cidade. A reivindicação é por incentivo financeiro, diálogo e maior reconhecimento da gestão com os grupos, reconhecidos como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Os manifestantes apontaram que a Prefeitura "não realizou nenhuma ação de salvaguarda", que são medidas tomadas para garantir a viabilidade dos patrimônios, como identificação, documentação, investigação, preservação, entre outros. Tudo isso com o objetivo de perpetuar a cultura pelas gerações.
"Somos patrimônio imaterial desde 2014 e de lá para cá não houve diálogo para salvaguarda dos maracatus, o que vemos acontecer também com outros patrimônios. Não sabemos se vai ter ou não carnaval, não tem incentivo para melhoria de fantasia ou de instrumento. Querem fazer o carnaval com o mesmo dinheiro de quase 20 anos atrás", criticou Fábio Sotero, presidente da Associação dos Maracatus Nação de Pernambuco (AMANPE).
"Tudo que precisamos para confecção duplicou de preço. O que eles nos oferecem de cachê mal dá para pagar o ônibus, enquanto outras apresentações recebem cachês de R$ 50 a R$ 100 mil, enquanto querem pagar R$ 5 mil às agremiações de maracatu - isso quando pagam, porque às vezes fazemos o carnaval em fevereiro e só recebemos em outubro", completou o presidente.
Fábio explicou que, entre os pedidos, está também a instauração de um centro cultural para os maracatus, uma escola de maracatu e maior atenção para as nações.
Uma comissão de manifestantes foi recebida pela Secretaria de Governo e Participação Social do Recife, que, por nota, ratificou que a "Secretaria de Cultura está permanentemente aberta ao diálogo". A gestão também negou a não promoção de ações de salvaguarda, argumentando que "desde janeiro, criou o programa Chama Cultura, reuniões que culminaram em quase 100 encontros com representantes da Cultura Popular do Recife, dois deles, inclusive, com a Associação dos Maracatus Nação de Pernambuco (AMANPE)".
Ainda, citou outras ações imediatas para fomento à classe artística e as manifestações culturais durante a pandemia, como o "Auxílio Municipal Emergencial (AME) no Carnaval e São João, a reabertura da Casa do Carnaval, a retomada do Sistema de Incentivo à Cultura, o pagamento de cachês em atraso e a criação da Lei do Registro do Patrimônio Vivo".