Após o anúncio dos indicados ao Prêmio Multishow 2021, a cantora Ludmilla, de 26 anos, se pronunciou sobre o boicote da indústria contra artistas negros. A artista, dona dos hits recentes "Deixa de Onda" e "Rainha da Favela", ficou de fora da principal categoria da premiação, embora tenha quebrado recordes no último ano. No comunicado, a cantora ainda afirmou que não participará da premiação deste ano, diferente das últimas edições.
"Venho por meio desse tweet avisar a todos e ao Multishow que não me apresentarei mais no prêmio esse ano. Obrigada pelo convite, mas onde não sou bem vinda prefiro não estar só por educação. Boa festa a todos.", declarou a artista em uma sequência de tuites na manhã desta terça-feira (19).
A declaração foi feita após o canal Multishow anunciar que Anitta, Ivete Sangalo, IZA, Luísa Sonza e Marília Mendonça estão indicadas à categoria "Cantora do Ano", a principal da noite, sem a presença de Ludmilla.
Em sequência, a carioca relembrou seus recordes e os trabalhos na música, argumentando que poderia ser uma das indicadas. Ela chegou a vencer a categoria em 2019, entretanto, desde então não tem sido mais finalista. Neste ano, Ludmilla está indicada em apenas duas categorias: "Hit do Ano", com "Deixa de Onda", e "Clipe do Ano", com "Rainha da Favela".
"Desde quando ganhei a primeira vez e impactei todo o sistema por ser a primeira cantora negra a ser indicada e a vencer essa categoria em 26 anos de prêmio... uma representante das minorias, uma cantora negra, bissexual, funkeira, periférica, nunca mais fui indicada na categoria “Cantora do Ano”.", relatou Ludmilla.
Para a artista, isso é uma das formas de boicote do sistema a artistas negras. "Infelizmente essa é a forma que o sistema te boicota! Mesmo eu sendo indicada em outras categorias da premiação. É nítida a falta de reconhecimento e entendimento das (poucas) premiações que temos aqui no Brasil. Assim como eu, vários artistas de vários segmentos e bandeiras que mereciam ser indicados ou serem reconhecidos da mesma forma que entregam conteúdos para seus públicos e estão na mesma situação", reitera Ludmilla.
RECORDES
No último ano, Ludmilla foi a primeira mulher negra da América Latina a ultrapassar 1 bilhão de streams no Spotify, principal plataforma de música do mundo. Ela fez questão de enfatizar os números dos seus projetos, que vão desde parcerias internacionais ao álbum ao vivo de pagode.
"Meus clipes somam 2.5 bilhões de views, "Rainha da Favela" ficou meses entre as músicas mais tocadas. São os números que falam! Só esse ano lancei o "Numanice ao vivo", projeto que impactou a cultura brasileira e revolucionou o mercado do pagode de um jeito jamais visto, por ser uma mulher a frente do projeto, projeto que garantiu o vídeo musical solo mais visto de 2021 por uma cantora pop brasileira", pontuou.