O mês de novembro é todo dedicado à reflexão sobre a necessidade de busca constante por emancipação da população negra e valorização de suas expressões políticas. Isso justamente pelas injustiças depositadas nesta parcela da população brasileira durante os séculos de escravização, o que se desdobra até hoje nas diversas manifestações do que chamamos racismo estrutural.
O tempo é também de reforço das várias heranças culturais perpetuadas pelo País, como símbolo de conhecimento, inteligência e resistência de tantos povos pretos. É o caso do Quilombo do Catucá, de Camaragibe, que realiza entre os dias 22 e 27 o V Festival de Arte e Cultura. Este ano, com temáticas voltadas a gênero, territórios periféricos e ancestralidade.
A programação é totalmente gratuita e virtual, contando com oficinas e giras de falação (diálogos), das 14h às 17h, via plataformas de videoconferência; e também apresentações culturais, transmitidas pelo canal do Quilombo do Catucá no YouTube (veja a programação no final da matéria). As inscrições para as oficinas e diálogos estão abertas e podem ser feitas através deste link.
Em 2021, o festival foi contemplado pelo Resiliência Responsiva ao Gênero e Interseccionalidade em Políticas e Práticas (GRRIPP), projeto de colaboração e troca de conhecimentos implementado por universidades de todo o mundo. O intuito é reunir teoria, política e prática "para promover uma abordagem com perspectiva de gênero para a gestão e redução do desenvolvimento de vulnerabilidades".
HISTÓRIA
Fundado por Mãe Flávia de Iansã, falecida em janeiro de 2020, o Quilombo do Catucá e Ilê Axé Oyá T'Ogun se localiza no bairro do Viana, em Camaragibe, Região Metropolitana do Recife. Seu nome rememora e referencia o quilombo que foi sinônimo de resistência em Pernambuco e fez parte da construção da história da cidade.
Tem consigo a missão e a promoção de ações afirmativas e transformadoras, tornando-se um ponto de referência, resistência e representatividade, junto à população negra e indígena da região metropolitana e áreas afins do estado de Pernambuco.
“Entendemos que temos o papel de fortalecer a promover a educação por meio da arte e cultura como forma de combate às desigualdades, discriminações, violência de gênero, etnia, psíquica, física, bem como interligação da relação humana com a ancestralidade. O Festival é a materialização do processo que temos o papel, na comunidade do Viana e territórios vizinhos”, diz Elaine, filha e quem dá seguimento, ao irmão, Deybson, ao terreiro e legado de Mãe Flávia.
CONFIRA A PROGRAMAÇÃO:
Segunda (22)
Tarde
Oficina - Sambada do Catucá - O coco vai começar
Noite
Apresentação cultural - Coco do Catucá
Terça (23)
Tarde
Gira de Falação - Gênero, ancestralidade e escrevivências poéticas
Noite
Apresentação cultural - Maracatu Gavião de Ouro
Quarta (24)
Tarde
Oficina - Corpa registra
Noite
Apresentação cultural - Afoxé Omim Sabá
Quinta (25)
Tarde
Gira de Falação - Racismo estrutural: combate, resistência e resiliência
Noite
Apresentação cultural - Caboclinho Tribo Tupi Guarani
Sexta (26)
Tarde
Oficina - Nos cruzos da arte urbana: resistência e periferia
Noite
Apresentação cultural - Sarau arte e cultura urbana
Sábado (27)
Tarde
Gira de Falação - Autocuidado, farmácia viva e saberes ancestrais
Noite
Apresentação cultural - Coco de Mestra Ana Lúcia e Raízes do Coco