Os artistas do elenco pernambucano dos Doutores da Alegria enveredaram pela literatura. As experiências cotidianas de encontros com crianças internadas, seus acompanhantes e profissionais de saúde foram transformadas em contos e estão reunidas no livro "Coletânea Conta Causos — Volume 1", que está sendo lançado nos cinco hospitais atendidos pelos palhaços no Recife e também será apresentado numa live, quinta-feira (11), às 17h, no canal dos Doutores da Alegria no YouTube.
Com prefácio do médico e escritor Ronaldo Correia de Brito, o livro compila 13 contos escritos por cada um dos atores e palhaços que compõe o elenco. A proximidade entre as experiências dos artistas e o processo de escrita existe há muitos anos: as vivências nos hospitais são relatadas mensalmente em textos publicados no site da instituição e enviados às unidades de saúde. Mas a ideia de publicar um livro exigiu um mergulho mais radical na linguagem e alguns exercícios.
A organização do livro é assinada por Arilson Lopes, ator e palhaço, coordenador artístico da unidade Recife dos Doutores da Alegria, mais Luciano Pontes, ator, palhaço e escritor.
Os contos passeiam por temas como tempo, vida e morte e são marcados pela fantasia. "Ficção e realidade se misturam no universo do palhaço. É da natureza do palhaço enxergar o mundo e as relações de outra forma. Trouxemos isso para a escrita", comenta Arilson Lopes. "Sempre nos perguntam como nós, artistas, lidamos com as questões delicadas relacionadas ao hospital, como doença e morte. Em cada conto, os palhaços tiveram a oportunidade de responder esse questionamento de maneira poética", adianta Luciano Pontes.
As ilustrações do livro são da aquarelista Simone Mendes e subvertem a imagem tradicional do palhaço. Os traços delicados e os desenhos em tons pastel revelam um elemento que se repete, embora ressignificado: o nariz vermelho do palhaço. Por exemplo: e se o nariz vermelho for um nariz de peixe? Ou for o sol?
A "Coletânea Conta Causos - Volume 1" é voltada para infância e juventude, mas pode chegar às crianças pequenas, se contar com a mediação dos pais, das enfermeiras ou de quem estiver junto. E, claro, adultos podem resgatar suas crianças lendo os contos.
Com apoio do Funcultura, o livro possui uma versão digital com recursos de acessibilidade — estão disponíveis a audiodescrição de todas as ilustrações e a tradução/interpretação em Libras dos contos. Não será vendido ao público, mas todos podem ter acesso, gratuitamente, ao PDF da publicação pelo site do projeto.