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Kanye West antissemita? Entenda por que a Adidas rompeu com o rapper e vai deixar de fabricar produtos Yeezy

A empresa alemã de artigos esportivos Adidas encerrou sua colaboração com o rapper americano Kanye West

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Amanda Azevedo

Publicado em 25/10/2022 às 13:17 | Atualizado em 25/10/2022 às 13:29
Adidas rompe com Kanye West após comentários antissemitas - CHRISTOF STACHE, JEAN-BAPTISTE LACROIX / AFP

Da AFP

A empresa alemã de artigos esportivos Adidas encerrou sua colaboração com o rapper americano Kanye West, também conhecido como Ye, depois de seus comentários antissemitas nas últimas semanas - anunciou a marca.

"Após uma análise profunda, a empresa tomou a decisão de encerrar imediatamente a colaboração com Ye", declarou a Adidas.

"A Adidas não tolera o antissemitismo, nem qualquer outra forma de discurso de ódio", acrescentou.

Também "deixará de fabricar os produtos" da marca Yeezy do artista.

Durante muito tempo, a colaboração entre a Adidas e Kanye West foi uma das mais frutíferas do mundo.

Tênis Yeezy fabricado pela Adidas - ADIDAS

Lançada desde 2014, a coleção de tênis Yeezy tem sido um sucesso retumbante e ajudou a tornar Kanye West um bilionário.

As relações entre os dois parceiros se deterioraram, visivelmente, nos últimos meses, como resultado de várias polêmicas protagonizadas pela estrela.

A empresa havia dito no início deste mês que estava revisando seu relacionamento com West, depois que ele apareceu em um desfile de moda em Paris vestindo uma camiseta estampada com "White Lives Matter" (vidas brancas importam, em tradução livre).

A frase é uma reação de grupos de extrema direita e supremacistas brancos nos Estados Unidos ao movimento antirracista "Black Lives Matter".

Depois, Kanye West foi banido do Twitter e do Instagram por postar uma mensagem ameaçadora contra a comunidade judaica.

Pressão por posicionamento

A reação da Adidas chega depois que várias vozes exigiram que se pronunciasse.

"Como empresa alemã, espero da Adidas uma atitude clara sobre o antissemitismo", disse o presidente do Conselho Central dos Judeus na Alemanha, Josef Schuster.

Os fundadores da Adidas eram membros do partido nazista.

"Seu silêncio é um perigo para os judeus", tuitou Jonathan Greenblatt, CEO da Liga Antidifamação, uma ONG que luta contra o antissemitismo.

Na segunda-feira (24), a agência CAA, representante de Kanye West e uma das mais importantes de Hollywood, anunciou que também o abandonou.

A produtora MRC cancelou um documentário quase finalizado sobre o rapper.

"Não podemos apoiar nenhum conteúdo que aumente sua audiência", declarou ao jornal "Los Angeles Times".

A marca de moda Balenciaga também rompeu sua colaboração com o artista.

O rapper diz sofrer de um transtorno de bipolaridade por conta de seu divórcio com a estrela americana Kim Kardashian.

"Os discursos de ódio nunca são aceitáveis, ou perdoáveis", disse sua ex-esposa no Twitter e no Instagram, se mencionar West.

Prejuízo para Adidas com o fim da colaboração com Kanye West 

Ao lado de celebridades como Beyoncé, Stella McCartney e Pharrell Williams, Kanye West foi uma das estrelas com quem a Adidas criou colaborações para seduzir sua clientela.

O fim da coleção Yeezy terá "um impacto negativo de até 250 milhões de euros no lucro líquido da empresa em 2022", alertou o grupo.

Tênis Yeezy fabricado pela Adidas - ADIDAS

A Adidas ressaltou que é "a única proprietária de todos os direitos de design dos produtos existentes (...) no âmbito da associação", antecipando uma possível batalha judicial.

As vendas dos famosos tênis ultrapassaram US$ 1 bilhão em 2019, segundo a revista Forbes.

Kanye West também apresentou oito coleções de roupas Yeezy, as últimas consideravelmente menos bem-sucedidas.

O divórcio entre a Adidas e o rapper é um novo golpe para a empresa alemã, que já revisou para baixo seus objetivos anuais, devido a um faturamento afundado pela política de "covid zero" na China e à queda do poder de compra nos mercados ocidentais.

Na Bolsa de Frankfurt, nesta terça-feira, ao meio-dia, a Adidas ficou com 4%.

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