Com Estadão Conteúdo
Com a morte do ex-ator Guilherme de Pádua, neste domingo (6), volta a crescer o interesse sobre o assassinato da atriz Daniella Perez, cometido por ele e por sua então esposa, Paula Thomaz.
A série Pacto Brutal, lançada pelo HBO Max em julho, conta a história do crime que chocou o País, em 28 de dezembro de 1992.
Pacto Brutal é dividida em cinco capítulos e traz detalhes do crime contra Daniella Perez.
O diferencial que a série sobre a morte de Daniella Perez busca é não prezar pela isenção, mas sim assumir um lado. Os documentaristas Tatiana Issa e Guto Barra dão voz a Glória Perez e aos familiares nunca antes devidamente ouvidos.
Esse estilo de contar a história nasce com o surgimento da ideia da série em si, já que a própria Tatiana Issa é próxima da família Perez.
"Eu, por um acaso do destino, estava trabalhando com o Raul (Gazolla, ator e marido de Daniella) e estava com ele nesse dia. Também sou muito amiga da prima da Dani. Fui ao enterro, ao velório. Vivi isso de maneira intensa nos meus 18 anos. Vi a dor de perto", conta Tatiana, uma das diretoras da série.
"A Glória confiava na gente profissionalmente, mas também no nosso olhar e na nossa delicadeza. Havia, assim, uma confiança pessoal e profissional", acrescentou.
Nos dois primeiros episódios de Pacto Brutal, fica clara a busca por reparar erros históricos.
Em mais de um momento Glória Perez mostra o desconforto que persiste com o retrato do caso na mídia, fazendo confusões entre novela e vida real. Afinal, na época, Daniella Perez e Guilherme de Pádua formavam um casal na novela De Corpo e Alma, assinada por Glória.
No dia do crime, eles gravaram uma cena de rompimento. Ao longo de entrevistas, a novelista fala como sente que o caso se transformou em uma "novela barata". "Essa era a principal preocupação desde o começo", diz o diretor Guto Barra, sobre o desejo de tirar do caso esse ar de "folhetim".
"É difícil lutar contra uma imagem. Existia uma única foto dos dois personagens da Daniella Perez e do Guilherme de Pádua em uma cena romântica. E essa foto foi replicada em capas de revista. Mesmo quem não está seguindo o caso vê os dois em uma posição romântica. Já imagina que não são os personagens, mas pessoas. Foi algo muito duro e, até hoje, é muito duro ver essa confusão entre personagens e pessoas. A gente espera que Pacto Brutal ajude a mudar essa narrativa".
No entanto, apesar desse cuidado e dessa ânsia em desfazer erros e confusões, Pacto Brutal não deixa de ser firme em algumas decisões.
Apoiados pela própria Glória Perez, os diretores exibem fotos do cadáver de Daniella Perez na tela, por exemplo.
Afinal, de acordo com a mãe e escritora, as capas mostrando a jovem aos beijos com Guilherme de Pádua é uma forma de violência que machuca ainda mais. Também fala com a própria imprensa que, na época, explorou o caso - e que deve render episódios interessantes à frente.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.