A cantora Elza Soares, que morreu há exato um ano de causas naturais, estaria completando 70 anos em 2023.
A vida a atingiu algumas vezes, mas também a transformou em um símbolo de resistência e coragem e, nos últimos anos antes de sua morte - em figura de culto.
Aos 12 anos, seu pai a obrigou a se casar e, um ano depois, nasceu o primeiro filho. Teve sete filhos com seu primeiro marido, mas os dois primeiros, prematuros e desnutridos, morreram muito pequenos. Elza Soares confessa que chegou a roubar comida para alimentá-los. Aos 21 anos, já era viúva.
ELZA SOARES E GARRINCHA
O verdadeiro amor aconteceu com o jogador de futebol Garricha, o "anjo das pernas tortas". Embora tivessem vivido uma relação complicada e violenta, Garrincha "foi meu maior amor, ele [AINDA] é", confessa.
Sua lembrança preferida dele? Vê-lo "jogar futebol. Para mim foi o melhor jogador do Brasil. O maior".
Eles foram casados por 17 anos, mas Garricha, talvez o melhor exemplo da alegria no futebol e herói das conquistas das Copas do Mundo de 1958 e 1962, era alcoólatra e morreu de cirrose aos 49 anos.
Com Garrincha, Elza Soares adotou uma menina e teve um filho, apelidado de "Garrinchinha". O garoto faleceu aos nove anos, em um acidente de carro, quando ia visitar o túmulo de seu pai. A mãe de Elza também morreu em um acidente de automóvel.
Adepta da maquiagem dramática, da roupa de couro, de imensas perucas e de saltos altíssimos, Elza Soares nunca se queixou de sua vida.
"A vida tem sido dura comigo, mas eu vejo outros mundos também com a vida bem dura. Então, acho que a vida é dura para todo mundo", disse.
Na Copa do Mundo de 1962, no Chile, da qual foi a madrinha, Elza viveu "um encontro ma-ra-vi-lho-so" com o trompetista e cantor de jazz americano Louis Armstrong.
"Eu era muito criança, ele queria me levar para os Estados Unidos [PARA CANTAR], mas eu falei que não, porque tinha filhos, e ele não acreditou [...] porque eu era muito, muito novinha", conta.