Já faz 18 anos que o antigo prédio do Museu da Imagem e do Som de Pernambuco (Mispe), localizado na Rua da Aurora, no Centro do Recife, fechou as portas por problemas de estrutura e manutenção. Desde então, o acervo do equipamento está guardado numa reserva técnica localizada na Casa da Cultura, também na região central.
O acesso mais restrito, feito mediante autorização, resultou na falta do conhecimento das novas gerações em torno desse acervo, que tem mais de seis mil peças. O "Projeto Memória Gráfica de Pernambuco: 30 anos de design digitalizados na coleção MISPE" surge justamente para jogar luz em parte relevante desse material.
Nesta 18 de maio, Dia Internacional do Museu, a iniciativa passa a publicar no Instagram (endereço @memoriagrafica_mispe) cartazes digitalizados de um período que vai desde a fundação do Mispe, em 1970, ao início do século 21, em 2000.
Aprovado pelo Funcultura, o projeto consiste na digitalização e catalogação cronológica de aproximadamente 2 mil cartazes para disponibilização de imagens acompanhadas de texto alternativo.
A iniciativa para a digitalização e difusão do acervo de cartazes do Mispe é de Felipe Ferreira, mestre em Artes Visuais e produtor cultural que identificou a urgência da salvaguardada do material e de sua acessibilidade ao grande público. O trabalho também contou com a historiadora e museóloga Mônica Ferreira do Nascimento.
"Eu cheguei a visitar o Mispe no final dos anos 2000. Ele estava com uma estrutura bem decadente, mas tive a oportunidade de conhecer o espaço, que sempre fez parte do meu imaginário como um local muito interessante", diz Felipe Ferreira.
"Atualmente, o acervo segue na Casa da Cultura e é possível visitá-lo mediante autorização. Ao digitalizar essa material, a nossa preocupação é conseguir fazer com que mais gente escute sobre esse equipamento cultural. Isso tudo está guardado, sem receber visitas do público", continua.
"A gente espera trazer isso para a sociedade de novo. O acervo não guarda apenas coisas do Estado, mas do Nordeste como um todo. Existem coisas muito interessantes, como o primeiro cartaz da Paixão de Cristo de Nova Jerusalém, coleções de cartazes de filmes do Fernando Spencer ou da Kátia Mesel, e até cartazes da Oficina Guaianases de Gravura, que era um coletivo de litogravura".
Vale lembrar que coleção de fotografias do Mispe também foi digitalizada e está disponível para acesso do público em geral. O acervo pode ser conferido no Portal Estadual do Patrimônio Documental de Pernambuco, após projeto assinado pela museóloga e historiadora Chaylane Marques e pela produtora cultural Keyse Menezes.
O "Projeto Memória Gráfica de Pernambuco" consiste em disponibilizar as imagens acompanhadas de texto alternativo em plataforma virtual, com recurso de acessibilidade permitindo alcance ao conteúdo por deficientes visuais e pessoas com baixa visão, além de criar e disponibilizar em formato e-book o resultado final do processo, composto por texto crítico introdutório e apresentação do acervo digitalizado, cujo link para download permanecerá na bio do @memoriagrafica_mispe.
De acordo com Mônica Ferreira do Nascimento, o projeto é um trabalho de resgate de grupos marginalizados, que hoje, não tem o mesmo espaço que tiveram outrora. "Os cartazes além da história, transmitem um sentimento, um pensamento e muitas vezes a memória afetiva. As fotografias deles além de fazerem um resgate desses momentos históricos servem para demonstrar os avanços técnicos na elaboração dos mesmos. A fotografia vai além da estética verbal", enfatiza.
O idealizador ressalta que o projeto contribuirá para o fortalecimento da memória local, regional e nacional, não somente em seu sentido histórico, mas também no plano afetivo e no imaginário coletivo. "Com esse trabalho, iremos permitir a fruição do rico material na abertura de horizontes", complementa Ferreira.
SERVICO
Lançamento do Projeto Memória Gráfica de Pernambuco: 30 anos de design digitalizados na coleção MISPE (1970-2000)
Quando: 18 de maio
Onde: @memoriagrafica_mispe