A cantora norte-americana Tina Turner, considerada uma lenda do rock, que eletrizou plateias desde os anos 1960 e lançou álbuns de grande sucesso ao longo de cinco décadas, morreu aos 83 anos, segundo nota publicada nesta quarta-feira (24). A causa da morte não foi informada.
"É com grande tristeza que anunciamos o falecimento de Tina Turner", informou uma publicação na página oficial no Instagram da cantora, oito vezes ganhadora do Grammy.
"Com sua música e sua paixão sem medida pela vida, ela encantou milhões de fãs ao redor do mundo e inspirou as estrelas do amanhã. Hoje, damos adeus a uma querida amiga, que nos deixa todo o seu maior trabalho: sua música. Toda a nossa compaixão vai para sua família", acrescentou o texto, antes de concluir: "Tina, vamos sentir saudades".
Turner foi frequentemente chamada de a "rainha do Rock 'n' Roll", sendo uma das cantoras mais famosas de todos os tempos. É conhecida por sucessos como "What’s Love Got to Do with It" e "(Simply) The Best”.
Junto com o seu marido, que morreu de overdose em 2007, ela desfrutou de um grande sucesso entre final dos anos 1960 e o começo dos anos 1970. Foi o tempo da dupla Ike & Tina Turner. Eles se divorciaram em 1987, após um casamento em que a artista disse ter sido espancada.
Depois que seu casamento conturbado e violento chegou ao fim, Tina seguiu uma frutífera carreira solo, emplacando sucessos como "What's Love Got to Do With It?", "Private Dancer" e o icônico "The Best".
Tina, nascida Anna Mae Bullock, era uma dos maiores nomes do rock mundial. Ainda na infância, se encantou com a música ao assistir o coral da igreja Batista da qual a família frequentava Aos 17 anos, começou a cantar nos bares de St. Louis. Um ano depois deu a luz ao seu primeiro filho, que criou sozinha, após ser abonada pelo primeiro marido.
Nesse mesmo ano de 1958, lançou sua primeira gravação profissional, o boogie-woogie Box Top, ainda assinando com o nome de Little Ann. Na época, ela era apenas a vocalista da banda do músico Ike Turner, com quem Tina passaria a se relacionar afetivamente. Foi ela que deu à cantora o nome artístico de Tina Turner.
Em 1966, Tina, em mais uma tentativa de emplacar em um mercado que, além de machista, não abria espaço para cantores negros, lançou o álbum River Deep - Mountain High, agora em dupla com Ike. O disco fracassou nos Estados Unidos, mas fez sucesso na Europa.
O músico Mick Jagger, ao conhecer o álbum, se encantou pela voz de Tina e a chamou para fazer a abertura de shows da banda Rolling Stones em Londres. Em 1968, com o casamento com Ike em crise, Tina tentou o suicídio ingerindo comprimidos para dormir.
Em 1971, Tina e Ike lançaram uma versão da canção Proud Mary, gravada em 1969 pela primeira vez pela banda Creedence Clearwater Revival. A gravação foi um sucesso e chegou a vender 1 milhão de cópias. A dupla ganhou o Grammy de Melhor Gravação do ano.
Convertida ao budismo, e com a força de sua voz personalíssima, cheia de graves, Tina se lançou em carreira solo ao lançar, ao 1974, o álbum Tina Turns the Country On!, com covers para clássicos do country e do folk, gêneros que ela costumava ouvir na adolescência e que fizeram parte de sua formação musical.
Entretanto, Tina, que desde a dupla com Ike flertava com o rock, acentuava cada vez mais a mistura do gênero com o R&B, soul e disco music, em álbuns como Acid Queen (1975, ainda com influência de Ike), Rough (1978) e Love Explosion (1979).
Nessa mesma época, a cantora deu fim ao casamento com Ike. Apesar da parceria de sucesso, Tina foi uma das primeiras personalidades a declarar que viveu um casamento abusivo, como vítima de violência física e psicológica.
Em um dos episódios, segundo Tina, Ike teria quebrado sua mandíbula. Em outra ocasião, jogou uma xícara de café quente no rosto da cantora. O música ainda a obrigava cantar, mesmo que ela não estivesse bem.
Entre os maiores sucessos de Tina Turner estão The Best, We Don’t Need Another Hero, It’s Only Love, (Darlin’) You Know I Love You, What’s Love Got To Do With It, Goldeneye e Honest I Do. Uma exposição em homenagem à cantora, Tina Turner: Uma Viagem para o Futuro, está em cartaz no MIS-SP.
Tina Turner ganhou um documentário dirigido por Daniel Lindsay e T. J. Martin em 2021. Disponível no HBO Max, foi uma espécie de despedida da vida pública, um último ato. O longa estreou no Festival de Berlim daquele ano e conta com uma entrevista inédita feita com a cantora, além de depoimentos de Oprah Winfrey, Angela Bassett e Katori Hall, entre outros.
O documentário repassou a história de Tina Turner desde sua infância pobre e de abandono - tanto seu pai quanto sua mãe foram embora. Adolescente em St. Louis, a cantora, ainda conhecida como Anna Mae Bullock, entrou para a banda de Ike Turner, que lhe deu seu nome artístico.
O filme explorou bastante sua energia, mas não ignorou sua dor. Apesar de sofrer com o trauma da violência e da falta de amor, a cantora nunca temeu falar sobre o assunto - ou deixar que os outros falassem.
Depois da entrevista histórica para a People, ela lançou duas biografias, Eu, Tina - A História de Minha Vida (1986) e Tina Turner - Minha História de Amor (2019), uma cinebiografia (Tina, de 1993, estrelado por Angela Bassett) e virou musical em Tina: The Tina Turner Musical (2018), escrito por Katori Hall, que mais recentemente escreveu a série P-Valley, inspirada em outra peça de sua autoria.