Com Estadão Conteúdo
O Ministério Público Federal (MPF) informou nesta segunda-feira (3) que instaurou procedimento para apurar possível prática de homotransfobia pelo pastor André Valadão durante culto da Igreja Batista da Lagoinha em Orlando, na Flórida.
Para André Valadão, o casamento homoafetivo teria "aberto as portas" para paradas com "homens e mulheres nu com seus orgãos genitais expostos diante de crianças".
"Essa porta foi aberta quando nós tratamos como normal o que a Bíblia já condena", disse o pastor.
Em seguida, ele diz que agora seria "a hora de tomar as cordas de volta e dizer: Pode parar, reseta! Mas Deus fala que não pode mais. Ele diz, 'já meti esse arco-íris aí. Se eu pudesse, matava tudo e começava de novo. Mas já prometi pra mim mesmo que não posso, então agora tá com vocês'", afirma o pastor, fazendo referência à história bíblica do dilúvio, quando o Deus hebraico teria inundado toda a Terra e salvado apenas uma família de fiéis. O arco-irís, nessa mitologia cristã, significa um juramento de que Deus jamais voltaria a destruir tudo dessa forma.
Nesse sentido, o pastor repete: "você não pegou o que eu disse, tá com você. Vou falar de novo, tá com você. Sacode uns quatro do teu lado e fala: 'vamos para cima'"
O procurador regional dos Direitos do Cidadão (PRDC) no Acre, Lucas Costa Almeida Dias, é o responsável pelo procedimento. Após a apuração dos fatos, o MPF encaminhará as medidas cabíveis para o caso.
RESPOSTA DE ANDRÉ VALADÃO
André Valadão fez uma postagem em suas redes sociais afirmando que sua pregação "nunca será sobre matar pessoas". Segundo ele, isso são "narrativas que tentam colocar na mídia".
Em sua justificativa, o pastor diz que usa o termo usado na história do dilúvio, quando, em suas palavras, "Deus destrói todo o mundo por causa da promiscuidade, por causa da libertinagem".
Repete ainda que "Deus não tem como resetar, não vai matar, não vai recomeçar a humanidade", então caberia aos fiéis, "nós resetarmos". "Mas não digo em nós matarmos, nós aniquilarmos pessoas, digo que cabe a nós levar o homem, o ser humano ao princípio daquela que é a vontade de Deus", afirma, indicando que a população LGBT+ estaria fora dessa "vontade".
Ele ainda ataca a legislação, falando sobre "leis do anticristo" e deslegitimando a "democracia de direita ou esquerda". Alega, então, que "os princípios de um cristão genuíno não estão firmados em leis ou governanças humanas, estão firmados em sua fé".