Ator, diretor, dramaturgo e militante das artes e da política, Zé Celso Martinez Corrêa morreu aos 86 anos em São Paulo, nesta quinta-feira (6).
Destacado encenador desde a década de 1960, inquieto e irreverente, líder do Teatro Oficina. Nos anos 1970, influenciado pelas experiências da contracultura, ganha destaque como importante expoente da comunidade teatral e com montagens de criações coletivas.
Causa da morte de Zé Celso
O artista não resistiu após sofrer graves queimaduras em um incêndio na manhã desta terça (4), no seu apartamento, no bairro do Paraíso, na zona sul da capital, onde vivia com o marido, o ator Marcelo Drummond.
A informação foi confirmada pelo ator Pascoal da Conceição, amigo de Zé Celso.
Quem foi Zé Celso?
Nascido em Araraquara, José Celso Martinez Corrêa foi criado em uma família de sete filhos por uma rigorosa mãe descendente de espanhóis, de sangue quente, e um pai dócil, amante dos livros e do cinema, que o levava na infância para ver os filmes.
Foi na faculdade do Largo do São Francisco que tudo começou ao frequentar o Centro Acadêmico 11 de agosto e cruzar com dois colegas de faculdade, o carioca Renato Borghi e o mineiro Amir Haddad, que, junto dele, fundariam em 1958 o Teatro Oficina.
Obras de destaque
Os primeiros textos montados são Vento Forte para Papagaio Subir (1958) e A Incubadeira (1959). Em 1963, o grupo conheceu o seu primeiro grande sucesso com Pequenos Burgueses, peça do dramaturgo Máximo Gorki que estabelece um diálogo entre a Rússia anterior à revolução e o Brasil às vésperas de um golpe militar.
Com a ditadura instaurada, Zé Celso persegue temas políticos em "Andorra", texto do suíço Max Frisch montado em 1964, em que ressalta o acossamento dos regimes autoritários, com Renato Borghi e Miriam Mehler como protagonistas.
Ainda nos anos 1960, ele monta Roda Viva, peça inédita do jovem compositor Chico Buarque, que ironizava os bastidores do showbiz tratando de um cantor que cai em desgraça depois de ficar famoso.
Depois de ser preso e torturado, ele parte da para o exílio entre Portugal e Moçambique. De volta ao Brasil em 1978, mesmo diante da perspectiva de redemocratização, o artista atravessa a década de 1980 quieto, quase no silêncio.