MÚSICA

NX Zero: 'Falar de medos e aflições era motivo de chacota no auge do emo'

Após romper hiato de seis anos com turnê "Cedo ou Tarde", grupo volta a Pernambuco nesta sexta-feira (4), no Classic Hall

Cadastrado por

Emannuel Bento

Publicado em 03/08/2023 às 17:34 | Atualizado em 04/08/2023 às 15:13
Banda NX Zero - CESAR OVALLE

A banda NX Zero rompeu um hiato de seis anos com a turnê “Cedo ou Tarde”, que chega a Pernambuco nesta sexta-feira (4), com show no Classic Hall, em Olinda, a partir das 20h. "Tínhamos certeza que 'cedo ou tarde' iríamos nos reencontrar com o público", resume o baterista Caio Grandino, ao JC, justificando o título do projeto.

Embora tenha sido cristalizado no imaginário nacional como aquele grupo de meninos de cabelos alisados e roupas apertadas de 2007, o NX teve uma durabilidade maior que outros projetos similares da época.

Dentro de sua proposta musical, até conseguiu trazer certa diversidade e, de certa forma, amadurecer a sua sonoridade. Após anunciar a turnê, inclusive, a banda lançou a inédita "Você Vai Lembrar de Mim".

RETORNO

Durante a pausa de seis anos, os integrantes Di Ferreira, Caco Grandino, Daniel Weksler, Fi Ricardo e Gee Rocha seguiram caminhos diferentes.

Cada um deles desenvolveu algum projeto: Di assumiu a carreira solo, Caco abriu uma empresa de distribuição de música; Fi abriu um bar em São Paulo; Gee focou na área de produção musical e trabalhou com artistas como Karol Conká e Matuê; e Daniel mudou para o interior de São Paulo, viajou como baterista em turnês da Pitty e de Nando Reis.

 

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Essas experiências adicionam uma nova camada de amadurecimento. Apesar das mudanças, parte considerável do público irá ao show para ver clássicos emos como "Cedo ou tarde", "Razões e Emoções" e "Só Rezo". O repertório muda a cada show. Quem explica a escolha é Caco Grandino, o "Conrado", baixista do grupo:

"Cada show é um show, cada cidade tem sua particularidade. A gente observa nas redes sociais qual o feedback da galera, o que se pede nos comentários. Sempre antes, uma ou duas vezes, a gente conversa e traz o que todo mundo viu, definindo o que pode ser mais interessante para o lugar. É como se fosse um presente para a galera que, mesmo após seis anos, ficou aguardando e agora está de volta para nos ver ao vivo."

FEBRE E PRECONCEITO

O emo foi uma vertente do rock alternativo que fez muito sucesso, primeiramente nos Estados Unidos e na Europa. No Brasil, a chegada dos grupos à grande mídia causou, simultaneamente, uma febre adolescente e uma certa ojeriza dos críticos.

"Hoje eu vejo que teve muito preconceito, porque tudo o que é novo gera um pouco de desconfiança. O movimento fez muito para que conseguíssemos falar de sentimentos, colocando o que queríamos para fora. Falar das suas aflições e dos seus medos era motivo de chacota na época", diz Caco Grandino.

"No nosso caso, o preconceito vinha de pessoas que nem conheciam muito a banda, mas viram fotos nossas na televisão: cinco caras amigos, bonitos, que se vestiam diferentes e estavam estourados no Brasil. Mas não conheciam de fato a história da banda, o que a banda fez para chegar até aqui, as suas lutas pessoas, do que o NX Zero fala, do que ele representa para as pessoas.

"Na época, também não se falava muito de bullying, ao contrário da atualidade. As pessoas têm de respeitar as opiniões umas das outras. Acho que hoje o emo tem ainda mais relevância, por esse momento do respeito ao próximo e da liberdade de expressão. Ele deu espaço para falar, deu voz a várias pessoas e influenciou muitos jovens a se expressarem e falarem melhor."

O músico ressalta, inclusive, que vem percebendo um público diferente na atual turnê. "Homens mais velhos, por exemplo, nos dizem: 'Não imaginávamos que vocês eram assim ao vivo, que o show era tão bom, que era tão mais pesado do que as músicas que ouvíamos nas rádios", diz. "A gente vai evoluindo com o tempo e vão caindo os preconceitos. Começamos a aceitar melhor as diversidades e as opiniões diferentes".

Estrutura
A turnê "Cedo ou Tarde" mira em referências de shows internacionais que exploram a interação com público e a criatividade no uso de LED, conteúdo e tecnologia, interagindo com a identidade e conteúdo visual do projeto criado pela agência B+Ca.

SERVIÇO
Razões e Emoções, turnê do NX Zero
Onde: Classic Hall (Avenida Gov. Agamenon Magalhães, s/n, Olinda)
Quando: nesta sexta-feira (4), a partir das 20h
Quanto: Ainda restam ingressos para a pista VIP por R$ 250, R$ 125 (meia) e R$ 150 (social); para a Pista Razões e Emoções, por R$ 100, R$ 60 (social) e R$ 50 (meia); e para os camarotes P1 (R$ 180), P2 (R$ 156) e P3 (R$ 120).

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