PATRIMÔNIO

Contra tombamento, proprietários do Teatro Valdemar de Oliveira criam abaixo-assinado

Associados do Teatro de Amadores de Pernambuco argumentam que tombamento 'pode limitar as possibilidades de modernização e restauro'

Cadastrado por

Emannuel Bento

Publicado em 12/07/2024 às 16:58 | Atualizado em 12/07/2024 às 17:16
Incêndio destruiu as ruínas do Teatro Valdemar de Oliveira, no Centro do Recife - SEVERINO SOARES/JC IMAGEM

O Teatro de Amadores de Pernambuco (TAP), organização proprietária do Teatro Valdemar de Oliveira, localizado no Centro do Recife, está recolhendo assinaturas contra o tombamento do prédio. O abaixo-assinado foi publicado nesta sexta-feira (12).

A situação do imóvel é desesperadora. Totalmente destruído, ele vem sendo usado por moradores de rua, dependentes químicos e pelo tráfico de drogas na região da Praça Oswaldo Cruz, no bairro da Boa Vista.

Em meio ao rápido processo de degradação do espaço, que já foi um dos principais teatros da capital, um pedido de tombamento foi feito pelo Grupo João Teimoso em dezembro de 2022.

O processo foi aberto pelo Governo de Pernambuco, através da Fundarpe. Em maio deste ano, os advogados do TAP enviaram um pedido de impugnação contra a iniciativa. O Conselho de Patrimônio irá decidir sobre o caso.

Agora, os associados do TAP buscam apoio popular para barrar o processo. Eles argumentam que, embora bem-intencionado, o tombamento "pode limitar as possibilidades de modernização e restauro que realmente beneficiariam o teatro e a comunidade a longo prazo".

TAP promete reformar o Teatro

Incêndio destrói as ruínas do Teatro Valdemar de Oliveira, no Centro do Recife - SEVERINO SOARES/JC IMAGEM
Incêndio destrói as ruínas do Teatro Valdemar de Oliveira, no Centro do Recife - SEVERINO SOARES/JC IMAGEM
Incêndio destrói as ruínas do Teatro Valdemar de Oliveira, no Centro do Recife - SEVERINO SOARES/JC IMAGEM
Incêndio destrói as ruínas do Teatro Valdemar de Oliveira, no Centro do Recife - SEVERINO SOARES/JC IMAGEM

No texto do abaixo-assinado, o TAP afirma que irá "reerguer o Teatro Valdemar de Oliveira mais uma vez" - o espaço pegou fogo nos anos 1980.

"Seu constante renascimento e reinvenção são testemunhos de seu valor inestimável para nossa comunidade. Agora, queremos devolvê-lo à cidade mais uma vez, com uma reforma que o melhorará ainda mais".

"Acreditamos que o teatro deve servir não apenas como uma sala de espetáculos, mas também como um espaço para educação e pesquisa. Para realizar este projeto, precisamos dizer não ao tombamento", conclui.

Futuro do imóvel

A negativa do tombamento tem gerado apreensão na classe artística, que teme a venda do imóvel para outras finalidades, como o uso do terreno pelo mercado imobiliário

Em entrevista ao JC em maio, Carlos Alberto, diretor-adjunto do TAP, afirmou que "o imóvel continuará com os mesmos objetivos iniciais, que estão no estatuto do TAP".

"Estamos buscando parcerias nesse sentido, como possibilidades de financiamento. Até porque, o nosso estatuto não permite agir de outra forma. Aquele imóvel não pode ser destinado para uma outra finalidade, muito menos com a possibilidade de benefício material dos associados do TAP. Não faz parte dos planos."

Histórico

Com as portas fechadas desde 2015 por ordem do Corpo de Bombeiros, Teatro Valdemar de Oliveira passou por reparos e agora está apto para receber atrações - Foto: Diego Nigro/JC Imagem

Fundado em 1971, esse é um dos teatros mais tradicionais da capital, sendo um espaço privado administrado pelo grupo TAP - que existe desde 1941.

O espaço já vinha "mal das pernas" desde antes da pandemia, mas sofreu um rápido processo de degradação nos últimos quatro anos. Apesar disso, o poder público não entrou em cena. Reinaldo de Oliveira, que encabeçou a administração por décadas, faleceu em 2022.

Ainda na pandemia, o prédio começou a ser invadido - sendo utilizado, inclusive, por pessoas em situação de rua na atualidade. Os associados do TAP viveram um verdadeiro "cabo de guerra" com os invasores, já que o sistema de segurança eletrônica foi danificado diversas vezes.

Foram roubados troféus, fiações de cobre, telhas de amianto, refletores e muitos outros objetos. Em um intervalo de quatro meses, em 2023, até o teto desapareceu. O incêndio ocorrido em 7 de fevereiro piorou ainda mais a situação.

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