Com esculturas, desenhos e gravuras inconfundíveis, o universo criativo de Abelardo da Hora (1924 - 2014) poderá ser visitado na exposição "Abelardo da Hora: 100 anos", uma celebração ao centenário do renomado artista pernambucano. A mostra fica em cartaz na Galeria Terra Brasilis, na Zona Norte do Recife.
As obras expostas abrangem diferentes fases da carreira do artista, proporcionando uma visão abrangente de sua evolução artística e seu impacto duradouro na cena cultural pernambucana.
Também se propõe a explorar a multiplicidade de suportes usados pelo artista, que é bastante conhecido por suas esculturas em cimento polido (muitas atualmente em espaços públicos), mas que também trabalhou com cerâmica, bronze, óleo sobre tela, aquarela e também diversas formas de gravação.
"Celebrar Abelardo é um dever de Pernambuco. Seu centenário é um marco para a nossa cultura e a exposição que promoveremos aqui na Terra Brasilis, fará uma ode a este grande Mestre da escultura moderna, que nos deixou em 2014", diz Ricardo Bandeira de Melo, da Galeria Terra Brasilis.
Abelardo e suas esculturas femininas voluptuosas fazem parte do imaginário de todos os recifenses. É muito simbólico poder homenagear este grande artista, exatamente no dia em que ele completaria 100 anos".
Trajetória
Abelardo Germano da Hora nasceu em São Lourenço da Mata. Em 1928, o seu pai foi contratado para trabalhar na usina de São João da Várzea, propriedade do industrial Ricardo Brennand no subúrbio do Recife.
Emprega-se na empresa de estuque de seu professor de escultura, Casimiro Correia. Com o apoio do professor Álvaro Amorim, recebe bolsa para estudar na Escola de Belas Artes de Pernambuco. Em 1942, emprega-se na fábrica de cerâmica da usina de São João da Várzea.
Filho do antigo funcionário, Abelardo é recebido pela família Brennand, com a qual vive por alguns anos. É na fábrica que ele inicia sua cerâmica artística e elabora suas primeiras obras autorais, com motivos de frutas e regionais.
Já na década de 1949, produz diversas gravuras com temática social, em que é visível a influência da obra de Candido Portinari (1903-1962). A mesma temática social é revelada em suas esculturas, realizadas em bronze, mármore e principalmente em cimento.
Social
Além da produção como escultor, a sua carreira foi marcada pelo diálogo com a cultura popular e pelo engajamento político, tem um papel fundamental na renovação e articulação do cenário cultural pernambucano.
Em 1946, participa da criação da Sociedade de Arte Moderna de Recife (SAMR), que dirige por quase dez anos e que tem papel fundamental na renovação do panorama artístico e cultural pernambucano.
Também fundou e dirigiu Ateliê Coletivo ao lado de Gilvan Samico (1928-2013), Wilton de Souza (1933-2020), Wellington Virgolino (1929-1988), Ionaldo (1933-2002), Ivan Carneiro (1929-2009) e Marius Lauritzen Bern (1930-2006).
Ao lado de Paulo Freire, foi fundador do Movimento de Cultura Popular (MCP), que abrangia, além das artes plásticas, música, dança e teatro.
Também foi dele a Lei Nº 14239, que estabelece a obrigatoriedade de obra de arte nas edificações com mais de 1 mil m/². A lei foi sancionada pelo prefeito Gustavo Krause, em 1980.
Em noventa anos de vida, da Hora construiu uma carreira representativa ao transitar entre diferentes técnicas. O seu legado permanece vivo pelo olhar atento às questões sociais de seu tempo, formas arredondadas e o constante diálogo com as manifestações populares.
SERVIÇO
Exposição "Abelardo da Hora: 100 Anos"
Quando: nesta quarta-feira (31), partir das 18 horas
Endereço: Galeria Terra Brasilis (Avenida 17 de Agosto, 2640, Casa Forte)