O problema do setor leiteiro agora é a alta do custo de produção que subiu muito nos últimos sete meses, segundo o presidente do Sindicato dos Produtores de Leite de Pernambuco (Simproleite), Saulo Malta. Ele se referiu aos insumos usados para alimentar os animais, como os farelos de soja, milho e algodão. "O dólar em alta, os produtores agrícolas estão preferindo exportar e aí diminui a oferta desses produtos, elevando o preço", afirma.
Segundo o sindicato, os preços dos sacos de farelo de soja, algodão e milho estavam, respectivamente, em R$ 72; R$R$ 42; e R$ 29 em janeiro último. Na sexta-feira (25), estavam por R$ 128; R$ 80 e R$ 55. Os dois primeiros em uma embalagem de 50 quilos e o último com 40 kg. O gado se alimenta de um concentrado feito com esses farelos, silagem e capim.
Como tudo tem dois lados, a alta do dólar trouxe benefícios para a bacia leiteira, dificultando a importação do leite em pó importado. Além da moeda norte-americana estar mais valorizada, a cobrança do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre o leite importado em pó, fez os grandes laticínios - instalados naquela região - pararem de importar o produto, substituindo o mesmo pelo leite produzido no Estado. Desde o final do ano passado, a produção da bacia voltou para 2 milhões de litros de leite diários, quantia produzida antes da grande estiagem que atingiu o semiárido de Pernambuco entre 2011 e 2018.
Segundo o secretário estadual de Agricultura, Dilson Peixoto, também ocorreu o fim da concessão dos incentivos fiscais às operações com leite em pó, soro de leite e mistura láctea por centrais de distribuição e começou a ser feito o recolhimento antecipado do ICMS na aquisição de leite líquido originário de outros Estados. Para ele, essas medidas contribuíram para ajudar na retomada do setor, fazendo o preço do litro de leite in natura comercializado pelo produtor sair de R$ 0,70 (no auge da crise) para R$ 1,20 a R$ 1,60 que vem se mantendo desde o final do ano passado.
A bacia leiteira de Pernambuco tem cerca de 100 mil produtores, está espalhada por 27 municípios, concentrando cerca de 80% da produção no Agreste. O rebanho (incluindo o gado de leite e pecuária) tem cerca de 1,86 milhão de bovinos. Na parte de beneficiamento, são 65 estabelecimentos lácteos, incluindo 16 usinas de beneficiamento de leite, sete fábricas de laticínios e as 42 queijarias artesanais já registradas na Adagro, além de 82 queijarias artesanais em estágio de formalização.
A pergunta que fica no ar é como o setor vai enfrentar a próxima seca ? "Tem muito produtor plantando palma e fazendo silagem para aguentar uma estiagem", responde Saulo. Na última seca, isso não foi suficiente e uma parte das palmas morreu atingidas por uma praga.