Dança das cadeiras

Com a saída de Leonardo Cerquinho, Suape terá seu sétimo presidente durante a gestão Paulo Câmara

Já passaram pelo porto Bernardo D'Almeida, Evandro Avelar, Thiago Norões, Marcos Baptista Carlos Vilar e Leonardo Cerquinho. Nome cotado para assumir na gestão de Geraldo Julio na Sdec é Roberto Gusmão, ex-Emlurb

Adriana Guarda
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Adriana Guarda
Publicado em 14/01/2021 às 17:16
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DE SAÍDA Cerquinho assumiu a presidência de Suape em janeiro de 2019 e manteve uma gestão azeitada - FOTO: DIVULGAÇÃO/SUAPE
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O governo do Estado anunciou oficialmente nesta quinta-feira (14), a saída de Leonardo Cerquinho da presidência do Porto de Suape e de Jaime Alheiros do Porto do Recife, confirmando a notícia publicada nesta quarta (13) pelo Blog de Jamildo. Com a saída de Cerquinho, o Complexo de Suape vai trocar de presidente pela sétima vez durante as gestões do governador Paulo Câmara. É como se fosse mais de um indicado por ano, um recorde nas mais de quatro décadas de história de Suape. A mudança de comando acontece no dia 1° de fevereiro. 

A substituição de Cerquinho será para abrigar a equipe do novo secretário de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco, o ex-prefeito do Recife, Geraldo Julio. A Sdec será uma vitrine para o provável candidato ao governo do Estado em 2022. A mudança de comando também vai acontecer no Porto do Recife, onde o novo presidente Jaime Alheiros, mal sentou na cadeira, em dezembro do ano passado. Em Suape, o nome é do ex-presidente da Emlurb, Roberto Gusmão, e no Recife o administrador e mestre em gestão pública, Marconi Muzzio. 

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Antes de Cerquinho, já passaram por Suape no governo de Paulo: Bernardo D'Almeida, Evandro Avelar, Thiago Norões, Marcos Baptista e Carlos Vilar. Com exceção de Vilar (funcionário de carreira do Porto do Recife) e de Cerquinho (com expertise em logística e comércio exterior), nenhum tem experiencia no setor portuário. Muitas das trocas foram para angariar apoio político e acomodar aliados. Um dos momentos mais criticados foi a entrega da presidência do porto ao Partido Progressista (PP), de Eduardo da Fonte. Carlos Vilar foi indicado pelos aliados e assumiu em junho de 2018, mas a pressão do mercado foi forte e Leonardo Cerquinho ganhou o cargo em janeiro de 2019. 

Essa descontinuidade na gestão atrapalhou o andamento de projetos dentro do porto, desde pequenas obras de infraestrutura e manutenção até grandes construções. Sem falar no desalinhamento político com o governo Federal, que passou a fechar o cofre para Suape, desde que o ex-governador Eduardo Campos anunciou sua candidatura à Presidência da República em 2014, fazendo frente a presidente em reeleição, Dilma Rousseff.  

CENÁRIO 

Geraldo Julio já acumulou a secretaria de Desenvolvimento Econômico e o Porto de Suape, em 2011, mas o cenário econômico de Pernambuco era muito diferente. Naquele ano o PIB cresceu 9,3% em 2010 e 4,5% em 2011. A taxa de desemprego era uma das menores do País, com apenas um dígito (5%), e se falava em pleno emprego. As reuniões do Condic somavam bilhão em projetos e era preciso ordenar a avalanche de empresas que queriam se instalar em Suape. Eram comuns voos de helicóptero para apresentar o complexo a empresários e autoridades de outros estados e países.  

Nos seus anos de gestão, Cerquinho precisou ser criativo, contagiar equipes, apostar em inova e negociar muito para conseguir fazer "do limão uma limonada", como ele gosta de dizer. Os grandes empreendimentos industriais não chegaram mais com a mesma velocidade, a economia demorou a se recuperar após a recessão e depois veio a pandemia da covid-19.  Mesmo assim, Suape ainda conseguiu bater recordes de movimentação de carga ano a ano. 

Para 2020, a previsão da Agência Estadual de Planejamento e Pesquisas (Condepe/Fidem) é que o PIB feche com queda entre 1,5% e 2%. A taxa de desemprego no Estado atingiu 18,8% (Pnad Contínua mais recente), a atração de investimentos por meio das reuniões do Condic em 2020 foi a pior dos últimos sete anos. Por tudo isso, Geraldo Julio não terá vida fácil nesse retorno como secretário, embora conheça bem a economia pernambucana e o Porto de Suape. 

Veja o comunicado do governo do Estado na íntegra: 

A partir de 1° de fevereiro, o Porto do Recife e o Complexo Industrial Portuário de Suape terão nova gestão. O secretário de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco, Geraldo Julio, escolheu o administrador de empresa e mestre em Gestão Pública, Marconi Muzzio, para o posto de presidente do Porto do Recife e o engenheiro e ex-secretário de infraestrutura do Recife, Roberto Gusmão, para a presidência do Porto de Suape. A nova estrutura assume o desafio de ampliar os projetos estruturadores para os terminais e consolidar Pernambuco como um centro logístico na movimentação de cargas no Nordeste.

O empresário e engenheiro agrônomo com mestrado em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Roberto Gusmão, foi presidente da Autarquia de Manutenção e Limpeza Urbana do Recife (Emlurb) e secretário de Infraestrutura do Recife. Ele assume o lugar de Leonardo Cerquinho no Porto de Suape, na fase em que o ancoradouro atinge uma marca histórica. O Balanço anual contabiliza 25,6 milhões de toneladas movimentadas em 2020, um aumento de 7,53% em relação a 2019, quando o porto movimentou 23,8 milhões de toneladas. Em números absolutos, são 1,8 milhão de toneladas a mais. É o maior volume já registrado nos 42 anos de Suape e acima da meta estabelecida para o ano, marcado por uma pandemia que atingiu a economia mundial.

Já no Porto do Recife, o desafio passa para as mãos de Marconi Muzzio. Ele é analista do Tribunal de Contas do Estado (TCE) e foi Secretário Executivo de Turismo do Estado em 2011. Em 2013, assumiu a Secretaria de Administração e Gestão de Pessoas do Recife, depois a Chefia de Gabinete do Prefeito em 2017 e voltou à Administração em 2019, ano em que foi designado membro do Conselho Nacional dos Dirigentes de Regimes Próprios de Previdência Social – CONAPREV.

Ele é o 23º (entre titulares e interinos) presidente a assumir o comando do ancoradouro recifense, desde o convênio de delegação firmado entre o Governo do Estado de Pernambuco e a União Federal em junho de 2001 e que passou a administração e exploração do Porto Organizado do Recife para o Estado de Pernambuco por intermédio da empresa Porto do Recife S.A. Muzzio vai substituir o arquiteto e urbanista Jaime Alheiros. Em 2020, o Porto do Recife cresceu 12%.

 

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