Empresas preocupadas em reduzir a emissão de carbono

Reduzir a emissão de carbono entrou, definitivamente, no planejamento das empresas, como a companha telefônica TIM, o Grupo Neoenergia e a cooperativa de crédito Sicredi
Angela Fernanda Belfort
Publicado em 08/01/2021 às 21:22
JC-ECO0117_CARBONO_IMPRESSO-02-01 Foto: THIAGO LUCAS/ ARTES JC


Reduzir as emissões de carbono passou a fazer parte das iniciativas empresariais nos mais diversos setores, indo desde multinacionais na área de energia e telefonia até empresas que operam com crédito. Por exemplo, as emissões de carbono ocorrem quando se usa combustível fóssil para se fazer um deslocamento ou energia que não é limpa. Acordos internacionais - nos quais o Brasil é signatário - fizeram boa parte do mundo civilizado se comprometer a reduzir essas emissões que provocam o aquecimento global. O Brasil pretende neutralizar as suas emissões dos gases que contribuem para o efeito estufa até 2060.

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"Não existe mais a opção da empresa não participar dessa discussão. Fazemos parte do planeta. Não tem como ser contrário a isso. O único caminho é se preocupar com a questão do clima, que é uma emergência. Quem não tem essa consciência vai ter que ter, porque até o mercado financeiro vai cobrar isso das empresas", resume a gerente de Responsabilidade Social da companhia telefônica TIM, Glória Rubião.

A companhia pretende reduzir em 70% as emissões indiretas até 2025 e zerar as suas emissões de carbono no Brasil até 2030, se tornando carbono neutra. "Vamos usar mais energias renováveis e, lá na frente, planejamos comprar crédito de carbono", comenta Glória. A empresa planeja aumentar a ecoeficiência (usando menos energia) nos equipamentos usados para fazer o tráfego de informações. "Até na bolsa, cada vez mais há índices focados em sustentabilidade. E a empresa também passa a ter um ganho financeiro, porque a sua ação passa a ser mais valorizada", conta Glória.

Na semana passada, a TIM foi uma das 100 empresas escolhidas pela Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) para compor a carteira do Índice Carbono Eficiente da B3 (ICO2 B3) em vigor até 30 de abril de 2021. Só fazem parte dessa lista - as empresas que além de estarem entre as 100 companhias com mais ações negociadas da bolsa – apresentaram, entre outras iniciativas, inventários de emissões de gases de efeito estufa à B3 em 2020. Os inventários são levantamentos que mostram de forma minuciosa quais as atividades da empresa emitem gases do efeito estufa e é o primeiro passo para contabilizar essa redução. A empresa faz o inventário (levantamento) das emissões de carbono há mais de 10 anos.

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"O setor privado está numa posição de destaque, puxando a agenda de combate aos efeitos climáticos e também os Obejtivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS)", comenta a gerente de Sustentabilidade e Mudança Climática do Neoenergia, Renata Koga. O Neoenergia é dono, entre outras empresas, da distribuidora de energia dos pernambucanos, a Celpe. No Brasil, o grupo já utiliza 87% de energia renovável."A nossa meta é chegar a 90% de energia renovável em 2022, quando serão concluídos dois complexos eólicos no Piauí e na Paraíba. A energia limpa contribui para uma emissão baixa de carbono. Os investidores estão olhando muito as questões do clima e a social", comenta Renata.

O grupo tem várias iniciativas que sinalizam para uma descarbonização da economia, como a implantação de um corredor verde que vai possibilitar os carros elétricos serem abastecidos, a partir do próximo ano, num cinturão de 1,1 mil km, ligando as cidades de Salvador (BA) a Natal (RN), passando por Aracaju (SE), Maceió (AL), Recife e João Pessoa (PB). Um dos maiores emissores de carbono nas cidades brasileiras é o transporte, já que uma parte significativa dessa locomoção é feita com a queima de combustível fóssil que joga gás carbono na atmosfera.

"A eficiência energética também é importante para reduzir as emissões de carbono. E usar a energia de uma forma mais eficiente implica em mudança de hábito da população", lembra Renata. O Neoenergia desenvolve várias iniciativas para aumentar a eficiência e usar menos combustível fóssil nos Estados que atua, incluindo um projeto de armazenamento da energia solar em grandes baterias implantado no arquipélago de Fernando de Noronha pra reduzir o uso do diesel na termelétrica da ilha.

De porte mais local, a cooperativa Sicredi Recife neutralizou mais de 51,73 toneladas de Gases de Efeito Estufa (GEE) emitidas em 2019. Ela passou a fazer o inventário das emissões de carbono desde 2018. "Identificamos que a nossa emissão maior de carbono é no consumo de energia elétrica, responsável por 39% das emissões", explica o gerente da Agência Olinda, Fernando Sá. A instituição "compensa" a emissão de carbono apoiando uma iniciativa nacional do Sistema Sicredi que é o Projeto Redd Jari Pará, que faz a geração (de créditos de carbono) com a conservação florestal na Amazônia. No ano passado, essa iniciativa neutralizou o total de 35.793 toneladas de Gases do Efeito Estufa (GEE) emitidos para a instituição financeira que atua em 23 Estados e no Distrito Federal. Conservar florestas contribui para capturar o carbono da atmosfera.

 

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