O ano de 2021 deverá continuar puxando para cima os preços da gasolina no País. Depois de registar uma alta acumulada de 18% no ano passado, a expectativa de recuperação da cotação do petróleo no mercado internacional sinaliza que os preços vão continuar subindo. Nesta segunda-feira (18) a Petrobras já anunciou o primeiro reajuste da gasolina (7,6%), que ficará R$ 0,15 mais cara nas refinarias e já começa a valer a partir deste terça (19). Com a alta, o preço do litro nas unidades de refino vai para R$ 1,98. Se distribuidores e revendedores repassarem o valor integral ao consumidor, o valor do litro vai chegar perto de R$ 5,00.
De acordo com a Ticket Log - empresa que monitora os preços dos combustíveis no Brasil, o preço médio do litro em janeiro está estimado em R$ 4,774. No ano passado, a gasolina foi registrando aumentos consecutivos a partir do segundo trimestre, com o preço médio do litro de R$ 3,975 em maio e escalando até alcançar R$ 4,669 em dezembro. No dia 29 de dezembro a Petrobras anunciou o último reajuste do ano, de 5%.
O aumento deste início de ano será aplicado após avanço das cotações internacionais do petróleo nas últimas semanas. O argumento para o reajuste é de que desde o último o último aumento aplicado pela Petrobras, no final do ano passado, a cotação do petróleo Brent (de referência internacional) já subiu 7,5% e o dólar se valorizou mais 1,5% sobre o real.
A Petrobras reafirma que seus preços estão baseados na paridade de importação, que é impactada pelo comportamento dos preços do petróleo e do câmbio. "Os preços praticados pela Petrobras têm como referência os preços de paridade de importação e, desta maneira, acompanham as variações do valor do produto no mercado internacional e da taxa de câmbio, para cima e para baixo", informou a empresa por meio de sua assessoria de imprensa, acrescentando que, em 2020, o preço médio da gasolina em suas refinarias atingiu mínimo de R$ 0,91 por litro.
Os constantes aumentos dos combustíveis têm impactado no consumo. Com a crise provocada pela pandemia da covid-19, que trouxe aumento do desemprego, muitas pessoas estão deixando o carro em caso e diminuindo o número de vezes que abastecem. Isso tem refletivo na redução das venda e no fechamento de postos.
Mesmo com os constantes reajustes, a Petrobras vem sendo acusada no mercado internacional de praticar preços predatórios. A Associação Brasileira de Importadores de Combustíveis (Abicom) enviou ofício ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) acusando a estatal de uma defasagem de R$ 0,40 no preço do litro da gasolina e de R$ 0,30 no diesel, em relação à paridade internacional.
Na avaliação dos empresários do setor, uma alternativa para reduzir o preço dos combustíveis seria diminuir o percentual da mistura dos combustíveis alternativos. Hoje a gasolina tem uma mistura de 27% de etanol anidro e o diesel de 12% de biodiesel.
"a solução para melhorar o preço do diesel é reduzir a mistura de biodiesel, que já está em 12%. A proporção é que R$ 1,98 no litro do diesel para R$ 5,20 no litro do biodiesel. O governo teria mecanismos para mudar essa proporção, mas a pressão do agronegócio é muito forte. Só são 38 usinas de biodiesel no País, todas de soja e muitas com participação internacional. Por isso, a pressão do agronegócio é muito forte, diz o presidente do Sindicato dos Revendedores de Combustíveis de Pernambuco (Sindicombustíveis-PE), Alfredo Pinheiro Ramos.
Por outro lado, o governo brasileiro tem um compromisso no Acordo de Paris de reduzir o uso de combustíveis fosses para contribuir com a diminuição global dos gases do efeito estufa.