Acreditando na evolução do mercado de construção de moradias, a empresa pernambucana Minha Casa Financiada está aumentando a aposta no segmento e colocando na rua seu banco digital. Na busca por espaço num mercado dominado pela Caixa Econômica Federal, o MCF Bank passará a atuar com financiamentos em modalidades de construções que não são atendidas pelo banco público. O novo banco digital pretende chegar ao fim do primeiro semestre de 2021 com cinco mil correntistas na sua carteira, disponibilizando para eles inicialmente R$ 30 milhões em recursos próprios.
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O negócio a princípio segue a atuação dos demais bancos digitais já existentes. São ofertados serviços financeiros como abertura de conta, cartão de crédito, etc. O maior diferencial é a linha de crédito voltada para o financiamento da construção de moradias, alternativa direta ao financiamento da Caixa Econômica, que detém praticamente todo o mercado.
“Um ponto chave é o seguinte: A Caixa é o maior fomentador da construção, possibilita financiar para construir. Existe uma faixa no mercado que o nosso banco está trabalhando, que é justamente as pessoas que buscam esse financiamento, têm condições como nome limpo, bom score de crédito, mas não conseguem financiar porque já tiveram uma dívida com a Caixa, e o banco não libera o crédito”, explica um dos co-fundadores do Minha Casa Financiada, Diego Carielo.
A empresa pernambucana começou a atuar como plataforma de captação de possíveis clientes para a Caixa. Só no ano passado, segundo Carielo, representou 32% do total financiado pelo banco público nessa modalidade e ainda assim convivia com uma taxa de rejeição dos mutuários direcionados.
“O que estamos fazendo é abraçar esses clientes através do nosso banco. A Caixa tem 80% do mercado de financiamento para construção atualmente. Estamos disponibilizando recursos do nosso próprio banco digital e temos o BTG Pactual como a instituição regulada, por trás, para viabilizar todas as questões inerentes a um banco”, detalha Carielo.
Neste ano de 2021, estão sendo disponibilizados R$ 30 milhões para os financiamentos. As taxas de juros são entre 8.7% e 10.7% ao ano. O crédito sai um pouco mais caro do que o praticado pela Caixa. Na modalidade de financiamento de Lote Urbanizado, o banco público financia valores entre R$ 50 mil e R$ 1,5 milhão, com taxa de juros efetiva de até 8,5% ao ano + TR e quota de financiamento de até 70% sobre o valor de avaliação do terreno, com prazo de até 240 meses para pagamento da dívida.
“A médio prazo, nosso banco vai trazer o financiamento de construção nas modalidades que a Caixa não faz. A Caixa empresta para pessoas no financiamento simples (um lote para construção de uma casa e uma única família). Nós iremos expandir o financiamento para casa geminada, kitnet, pequenos condomínios, outras possibilidades que hoje o mercado não tem interesse”, justifica o co-fundador do Minha Casa Financiada.
Banco digital
Como se trata de um banco digital, o MCF Bank também terá outras linhas de crédito que não estão ligadas ao mercado de construção. Mas com o know-how nesse segmento, até o cartão de crédito disponibilizado aos correntistas do banco contará com descontos para compra em home centers, comércio e serviços afins. A plataforma Minha Casa Financiada, que direciona para o financiamento na Caixa continua existindo, e o MCF Bank já está disponível através do minhacasafinanciada.com/mcfbank.
O valor disponibilizado para empréstimo segue o critério de renda, com limite de comprometimento de 30% da renda bruta familiar. No último ano, o Minha Casa Financiada atingiu o total de R$ 1 bilhão em obras em todo o País, atendendo 2,5 mil famílias. Em 2021, a perspectiva é alcançar os R$ 3 bilhões, chegando perto das 8 mil famílias em todo o País.
Os financiamentos para construção, conforme os números da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) cresceram 50% entre dezembro de 2019 e o mesmo mês de 2020. O volume contratado passou de R$ 20 bilhões para R$ 30 bilhões em um ano. Em Pernambuco, a alta foi de 124% no mesmo período.
“O financiamento de construção é em média metade do valor do financiamento para compra de um imóvel novo. As taxas nessa modalidade chegam a ser até sete vezes mais baratas quando falamos em ITBIT, registro e as demais despesas em cartório, porque o pagamento é em cima do lote e não da construção. Vemos muito espaço para crescimento porque as pessoas estão entendendo que vale mais a pena pagar R$ 3 mil por m² para construir do que pagar uns R$ 7 mil por m² em um espaço que não é entregue pronto e você vai precisar se adequar”, defende Carielo.
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