A empresa pernambucana Kroma vai instalar a implantação do Complexo São Pedro e Paulo, uma usina fotovoltaica na cidade de Flores, no Sertão do Pajeú. As obras devem começar até junho e a construção vai gerar 600 empregos diretos. O investimento será de cerca de R$ 380 milhões. "Estamos tentando baixar esse valor. Vamos levar os vikings ao Sertão do Pajeú", diz o presidente da empresa, Rodrigo Mello, se referindo aos sócios do empreendimento que são as empresas norueguesas Equinor e Scatec.
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A previsão dos empreendedores é que o empreendimento seja concluído até março de 2022. "Durante a obra, a nossa intenção é dar prioridade a contratação das pessoas que moram em Flores e municípios próximos. Também vamos seguir todos os protocolos de segurança porque o início das obras deve ocorrer ainda durante a pandemia. A nossa expectativa é de que haja uma melhora, quando a vacinação chegar as pessoas a partir de 50 anos", conta Rodrigo.
A usina solar pode produzir 100 megawatt-hora (MWh) pico, sendo essa quantidade o máximo de energia, quando tiver radiação solar. Pelas contas da Kroma, a energia a ser produzida anualmente pode abastecer todas as casas do Sertão do Pajeú, que tem cerca de 400 mil habitantes, por um ano. "Em um ano geramos 215 gigawatt-hora (GWh) por ano. E o Pajeú consome, em média, 207 GWh anualmente", conta Rodrigo.
"Mesmo com todas as adversidades, estamos animados", comenta Rodrigo. Além da crise sanitária do coronavírus, a outra dificuldade na implantação do empreendimento é a alta do dólar. Cerca de 50% a 60% dos custos de implantação do empreendimento são a compra dos paineis fotovoltaicos que são importados da China. "Teve um momento em que esses equipamentos ficaram mais baratos. No entanto, com a alta do dólar, eles voltaram a ficar mais caros", explica Rodrigo. O empreendimento deve receber 93 mil módulos fotovoltaicos.
Ele acredita que há uma tendência de ter um boom de energia solar similar a expansão que ocorreu com a geração eólica nos últimos 15 anos. "O recurso solar é muito maior do que a geração eólica", argumenta. A geração eólica usa os ventos como materia-prima e a fotovoltaica, a radiação solar.
Quando entrar em funcionamento, cerca de 30% da energia foi vendida num leilão da energia realizado pela Agencia Nacional de Energia Elétrica. Os outros 70% vão ser comercializados para companhias que desejam usar energia limpa. "As empresas estão cada dia mais preocupadas em consumir energias verdes e produtos que tenham preocupação com o social. Quem não começar a adotar isso, vai até ter que contratar um financiamento mais caro no mercado internacional", conclui Rodrigo.
A Kroma surgiu em 2008 como uma comercializadora de energia no mercado livre - aquele no qual os grandes clientes podem escolher a quem vão comprar energia. Depois, a empresa se tornou geradora de energia com um parque fotovoltaico instalado em Quexeré, no Ceará, implantado numa área de 400 hectares. Os sócios do parque cearense são os mesmos que entraram com participação no parque pernambucano.
A companhia vem articulando a instalação de uma planta fotovoltaica em Flores desde 2015. Atualmente, a empresa tem 40 funcionários - sendo metade engenheiros - e registrou um faturamento acima de R$ 1 bilhão no ano passado.