O Produto Interno Bruto (PIB) de Pernambuco apresentou um crescimento de 1,6% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior, enquanto a economia nacional registrou um aumento de 1,0% na mesma base de comparação. A Agricultura e a indústria puxaram o incremento deste período com aumentos, respectivamente, de 14,2% e 6,7%. Responsável por uma participação de 75,5% na economia do Estado, o setor de serviços apresentou uma queda de 0,4% nos três primeiros meses deste ano, contra o mesmo período do ano passado. Os dados foram divulgados pela Agência Estadual de Planejamento e Pesquisas de Pernambuco (Condepe/Fidem) nesta segunda-feira (7).
Até o primeiro trimestre deste ano, uma parte da agricultura não foi impactada pela pandemia. A indústria está retomando a sua atividade depois da falta de insumos que ocorreu no ano passado devido à crise sanitária que fez chegar menos matérias-primas ao País. O setor mais atingido pela pandemia do novo coronavírus foi o de serviços, que teve restrições mais rígidas devido à crise sanitária, por lidar diretamente com o público. Os serviços incluem atividades como comércio, cinemas, eventos, cabelereiro, bares etc.
Segundo a presidente presidente da Agência Condepe/Fidem, Sheilla Pincovsky, o setor de serviços é o que mais preocupa por ser o mais afetado pelos efeitos da pandemia do novo coronavírus e o que mais impacta diretamente no consumo das famílias e nos índices econômicos. “O peso do setor na economia local é grande, pois é nele que se concentram os segmentos econômicos mais afetados, a exemplo do turismo e entretenimento”, disse.
Os serviços estão registrando quedas em todos os trimestres nas economias pernambucana e brasileira desde os três primeiros meses do ano passado. A pandemia do coronavírus começou a impactar o setor em março do ano passado, quando foram implementadas várias medidas restritivas para conter a contaminação da covid-19. No primeiro trimestre de 2021, foram registradas um decréscimo de 16,7% nos serviços prestados às famílias e uma queda de 19,8% na atividade turística.
Ainda de acordo com Sheilla, também impactou, a economia do 1º trimestre deste ano, a retirada, pelo governo federal, do auxílio emergencial, que só voltou a ser pago no mês de abril: “Sem o auxílio, as famílias perderam capacidade de consumo de itens básicos e isso afetou todas as cadeias produtivas”. Ele também voltou a ser pago num valor menor do que o do ano passado.
SETORES
No primeiro trimestre de 2021, o crescimento de 14,2% do setor agropecuário contou com o incremento de 17,5% na produção das lavouras temporárias, como melão, milho verde, batata-doce e feijão. Houve uma menor produção de cana-de-açúcar, mandioca, tomate, milho, cebola, abacaxi e melancia. Na pecuária, o aumento foi de 6,1% puxado pela avicultura de corte. Ocorreu queda na produção de bovinos, ovos, leite e suinocultura.
Os três grandes ramos que compõem a industria apresentaram resultados positivos. São eles: a indústria da transformação (7,1%), a construção civil com um acréscimo de 7,9% e a produção e distribuição de eletricidade, gás, água, esgoto e limpeza urbana, 4,0%. Na indústria de transformação, ocorreu um crescimento de 29,1% na produção de veículos automotores, reboques e carro. Foi o maior crescimento entre os setores apresentados pelo Condepe/Fidem. A retomada da construção civil é muito positiva, porque é uma atividade que gera muitos empregos e tem impacto em vários outros setores que fornecem para a mesma.
O coordenador do Núcleo de Economia da Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe), Cezar Andrade, afirma que o crescimento da indústria neste primeiro trimestre já era esperado, porque a comparação ocorreu com os três primeiros meses do ano passado. "O início da pandemia afetou demais a economia do Estado. O crescimento ocorreu porque a base de comparação do ano passado foi fraca por causa do impacto da crise sanitária", comenta.
Na avaliação de Cezar, a indústria está dando sinais de que está caminhando para a recuperação, mas isso depende de vários fatores. "Por exemplo, as medidas mais restritivas que voltamos a ter a partir de março deste ano geram redução de encomendas do comércio, o que faz a indústria produzir menos, gerando mais desemprego",diz. Outro exemplo que ele cita como é a imunização da população. "Somente com a vacinação em massa, as empresas vão voltarem a operar na sua capacidade máxima. A nossa expectativa é de que o segundo trimestre deste ano não vai ser tão positivo como o primeiro", resume.
Apesar do decréscimo de -0,4% nos serviços, algumas atividades deste setor registraram performance positiva, no primeiro trimestre de 2021, como o comércio (2,6%), comércio varejista ampliado (11,3%), material de construção civil (19,3%), transportes (2,6%), atividades imobiliárias e aluguéis (1,5%), administração, saúde e educação públicas (0,2%). Alguns setores tradicionais registraram quedas, incluindo eletrodomésticos (-18,5%), tecidos, vestiário e calçados com um decréscimo de 9,6%. A Condepe/Fidem usa a mesma base de dados do IBGE para elaborar o cálculo do PIB pernambucano.