COMBUSTÍVEIS

Fornecedora de Pernambuco, Petrobrás deixará de vender gás natural no Nordeste

De acordo com estatal, negociações de soluções temporárias poderão ser discutidas

Cadastrado por

Lucas Moraes

Publicado em 04/08/2021 às 10:58 | Atualizado em 04/08/2021 às 10:59
DEMANDA Estado atingiu um volume de 1,42 milhão m³/dia em 2020 - HELIA SCHEPPA/ACERVO JC IMAGEM

A partir de 2022, a Petrobras deixará de fornecer gás natural ao estados do Nordeste. De acordo com a estatal, o objetivo é contribuir para o desenvolvimento de "um mercado de gás aberto, competitivo e sustentável no País". Os efeitos da medida, de forma imediata, ainda são desconhecidos, já que não há garantia da participação de outras empresas em todo o mercado local e pode haver demandas emergenciais pelo suprimento, com contratos mais caros e menor tempo para garantia do insumo, sobretudo onde há poucos consumidores. 

"Os processos em curso de arrendamento do TRBA, objeto do acordo firmado no TCC com o CADE, e demais desinvestimentos em campos de produção de gás trarão novos operadores ao mercado, que poderão suprir o atendimento das demandas locais. Em todos os casos, como informado para as distribuidoras cujo atendimento depende destas fontes de oferta de gás, a Petrobras está à disposição para a construção de soluções temporárias, se necessário", diz a Petrobras em nota, ao justificar o processo como abertura para outras empresas atenderem a região. 

De acordo com a empresa, mesmo com a interrupção, o suprimento de gás natural está assegurado para os contratos já firmados com fornecimento a partir de 01/01/2022. A distribuidora do Estado, Copergás, não informou se esse é o caso de Pernambuco.

Fornecedores

No caso específico do Estado, a partir do ano que vem, já  esperava-se contar com pelo menos três supridores de gás natural. Além da Petrobras, a Golar e a Shell já têm em andamento negócios no mercado local.

A Golar participa do projeto que levará Gás Natural Liquefeito (GNL) ao Agreste Meridional (Garanhuns) e ao Sertão do São Francisco (Petrolina). 

Já a Shell foi a vencedora de um chamamento público lançado em 2020, o que a faz agora responsável pelo suprimento de 750 mil m³/dia em 2022, e 1.000 m³/dia em 2023. Os volumes fazem parte do primeiro lote de contratação previsto no edital. A Petrobras, no entanto era, até então, a única fornecedora de gás natural a atender a demanda em Pernambuco.

De acordo com o relatório de administração da Copergás de 2020, o volume total médio atingiu 4,34 milhões m³/dia, equivalente a 1,58 bilhão m³ de gás natural, sendo que 38,82% corresponde ao volume
da Refinaria de Abreu e Lima (RNEST).  No setor não-termelétrico, o Estado atingiu um volume de 1,42 milhão m³/dia no ano passado.

A Copergás está presente em 28 municípios do Estado, com uma rede que já se aproxima de 1.000 km de gasodutos e distribuição de cerca de 1,6 milhão de metros cúbicos de gás natural por dia, com mais de 50 mil clientes nos segmentos industrial, comercial, residencial, veicular e de cogeração de energia.  O volume de investimentos em 2020 chegou a cerca de R$ 60 milhões.  

Questionada sobre os possíveis impactos no mercado local, a companhia disse que até então nem chegou a ser informada pela Petrobras da interrupção do fornecimento. 

A companhia planeja investir de R$ 370,4 milhões no Estado no período entre 2021-2025. Os investimentos serão destinados também para atender à demanda do novo mercado de gás natural, que permitiu às distribuidoras adquirir os insumos de vários players do setor e não mais apenas da Petrobras.

Segundo a Copergás, a expectativa é que os recursos sejam distribuídos da seguinte forma: $ 66,8 milhões aplicados em 2021; R$ 71,50 milhões em 2022; R$ 73,83 milhões em 2023; R$ 77,63 milhões em 2024 e R$ 80,64 milhões em 2025. 

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