O setor de serviços de Pernambuco foi o mais impactado durante a crise sanitária em 2020, mas já demonstra recuperação em 2021, quando se considera a comparação anual dos meses de abril a junho, período em que se iniciou o processo de retomada gradual das atividades. É o que revelou a Pesquisa Mensal de Serviços, levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que acompanha o comportamento conjuntural do setor, excetuando as atividades de serviços financeiros, de educação e de saúde.
No primeiro trimestre deste ano, o volume de vendas do setor, medido pelo IBGE como a receita de vendas descontada da inflação em cada uma das atividades pesquisadas, havia caído 8,6% em relação ao mesmo trimestre do ano passado, mas no segundo trimestre o desempenho foi positivo e as vendas cresceram 25,2%.
Dessa forma, apesar de os resultados com ajuste sazonal registrarem que o volume de vendas ainda não alcançou os níveis observados nos meses pré-pandemia (-2,2% em junho de 2021, comparado a fevereiro de 2020), os serviços conseguiram encerrar o primeiro semestre de 2021 com crescimento de 5,8% em relação ao mesmo período do ano anterior. No Brasil, o resultado foi mais satisfatório, com variação positiva de 9,5% no primeiro semestre, além de as vendas já apresentarem desempenho compatível com o período pré-pandêmico (+2,4% em junho de 2021, com relação a fevereiro de 2020, considerando os ajustes sazonais).
PROJEÇÃO
Ao longo do segundo semestre, tendo em vista a perspectiva de vacinação da população adulta, que em agosto ultrapassou o patamar de 50% com a 1ª dose e se aproxima dos 25% completamente imunizados, as vendas do setor devem continuar em aceleração, se beneficiando da demanda reprimida desde abril de 2020, uma vez que parte significativa das atividades no setor são essencialmente presenciais e foram muito afetadas pelas restrições mais severas até o primeiro trimestre deste ano.
O assessor econômico da Fecomércio-PE, Ademilson Saraiva, comentou que serviços e comércio têm grande relevância para Pernambuco, sobretudo pela geração de emprego e renda, além da arrecadação de impostos municipais e estaduais. "Nos próximos meses, como reflexo da vacinação e mais flexibilizações, esses setores devem colaborar de forma mais intensa com o crescimento da economia", analisou.
ATIVIDADES
O desempenho por grupos de atividade divulgado pelo IBGE e analisado pela Fecomércio-PE respalda essa expectativa. Entre os grupos, os ‘serviços prestados às famílias’ como hotelaria, alimentação, embelezamento, academias e atividades esportivas, são os que apresentam o maior crescimento das vendas no primeiro semestre de 2021, com variação de +19,7% em relação ao mesmo período de 2020. Em seguida, destacam-se os grupos de ‘outros serviços’ (+8,5%) – composto por atividades complementares aos serviços pessoais e administrativos, de gestão ambiental e de apoio à produção agropecuária além de ‘transporte, armazenagem e correios’ (+7,1%).
Também com crescimento, mas abaixo da média, ficaram as atividades de ‘serviços profissionais e administrativos’ (+2,9%) e de ‘serviços de informação e comunicação’ (+0,9%). Segundo a análise dos números feita pela Fecomércio-PE, na contramão das expectativas mais otimistas para o segundo semestre, pesam os elevados índices de desemprego e inflação no estado. A" taxa de desocupação da população com 14 anos ou mais bateu recorde em Pernambuco, alcançando 21,3% no primeiro trimestre de 2021. Movimento que é influenciado pela busca mais intensa de ocupação, por parte de jovens e mulheres, de modo a ampliar as fontes da renda familiar. Desde então, a geração de empregos formais, com saldo de +13,4 mil postos até junho, vem ajudando a melhorar a percepção sobre o mercado de trabalho, mas, em momento de crise, a colocação ou a recolocação profissional tende a proporcionar remunerações menores no curto prazo".
JUROS
Aliada ao aumento quase generalizado de preços, puxados por alimentos, combustíveis e energia, a queda dos rendimentos do trabalho reduz substancialmente o poder de compra das famílias, além de aumentar o risco de endividamento e de novos inadimplentes, e pode ser um fator limitante às vendas do comércio e serviços. Ademais, as constantes revisões de alta na taxa básica de juros pelo Banco Central, para controlar a inflação, tendem a encarecer, sobretudo, o crédito com recursos livres nos próximos meses, dificultando mais o consumo ou o reescalonamento de dívidas.