RIQUEZA DO PAÍS

PIB do Brasil recua 0,1% no segundo trimestre, mostra IBGE

Os dados são do Sistema de Contas Nacionais Trimestrais e foram divulgados nesta quarta-feira (1º)

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Marcelo Aprígio

Publicado em 01/09/2021 às 9:25 | Atualizado em 01/09/2021 às 9:50
Em valores correntes, o PIB, que é soma dos bens e serviços finais produzidos no país, chegou a R$ 2,1 trilhões - Marcello Casal Jr/Agência Brasil

O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil oscilou negativamente 0,1% no 2º trimestre de 2021, na comparação com o período entre janeiro e março. Os dados são do Sistema de Contas Nacionais Trimestrais e foram divulgados nesta quarta-feira (1º) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esse resultado indica estabilidade e vem depois de três trimestres positivos seguidos de crescimento da economia.

O recuo foi menor que o projetado pelo Monitor do PIB da Fundação Getúlio Vargas (FGV), que apontava retração de 0,3% na atividade econômica entre abril e junho de 2021, em comparação com o primeiro trimestre do ano. 

Em valores correntes, o PIB chegou a R$ 2,1 trilhões. Com isso, no primeiro semestre, o indicador acumula alta de 6,4%. No acumulado nos quatro trimestres, terminados em junho de 2021, o PIB cresceu 1,8%, e na comparação com o segundo trimestre do ano passado, cresceu 12,4%.

O PIB continua no patamar do fim de 2019 ao início de 2020, período pré-pandemia, e ainda está 3,2% abaixo do ponto mais alto da atividade econômica na série histórica, alcançado no primeiro trimestre de 2014.

O indicador é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país e durante um certo período e serve como uma espécie de termômetro da evolução da atividade e da capacidade de uma economia gerar riqueza e renda.

Puxadores da queda

Na avaliação da coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis, o desempenho da economia no trimestre vem do resultado negativo da agropecuária (-2,8%) e da indústria (-0,2%). Por outro lado, os serviços avançaram 0,7% no período. “Uma coisa acabou compensando a outra. A agropecuária ficou negativa porque a safra do café entrou no cálculo. Isso teve um peso importante no segundo trimestre. A safra do café está na bienalidade negativa, que resulta numa retração expressiva da produção”, explica Palis.

A atividade industrial também recuou devido às quedas de 2,2% nas indústrias de transformação e de 0,9% na atividade de eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos. Essas quedas compensaram a alta de 5,3% nas indústrias extrativas e de 2,7% na construção.

“A indústria de transformação é influenciada pelos efeitos da falta de insumos nas cadeias produtivas, como é o caso da indústria automotiva, que lida com a falta de componentes eletrônicos. É uma atividade que não está conseguindo atender a demanda. Já na atividade de energia elétrica houve aumento no custo de produção por conta da crise hídrica que fez aumentar o uso das termelétricas”, acrescenta Rebeca.

Nos serviços, os resultados positivos vieram de quase todas as atividades: informação e comunicação (5,6%), outras atividades de serviços (2,1%), comércio (0,5%), atividades imobiliárias (0,4%), atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (0,3%) e transporte, armazenagem e correio (0,1%). Administração, defesa, saúde e educação públicas e seguridade social (0,0%) ficou estável.

“Quase todos os componentes dos serviços cresceram, com destaque para o comércio e transporte na taxa interanual, que foram as atividades mais afetadas pela pandemia e que estão se recuperando mais agora”, observa Rebeca Palis.

A expectativa é de resultados melhores neste segundo semestre, caso seja possível manter o ritmo de reabertura da economia. Inflação e juros elevados, crise energética e riscos políticos trazidos pelo governo, no entanto, podem prejudicar essa retomada e devem pesar também sobre a economia em 2022.

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