Fechamento de empresas ainda cresce quase 40% em Pernambuco e expõe dificuldades burocráticas e econômicas

Mesmo com melhora dos números da Jucepe em 2021, com 24% mais aberturas, manter as portas abertas ainda tem sido muito difícil
Lucas Moraes
Publicado em 02/02/2022 às 15:57
JUNTA Em 2020, foram 31.085 fechamentos. Já em 2021, 42.628 negócios não conseguiram manter as portas abertas Foto: Divulgação


No mundo empresarial pernambucano, embora haja permanência das dificuldades econômicas alastradas com o início da pandemia da covid-19 em 2020, a formalização de negócios conseguiu se expandir em 2021. De acordo com dados da Junta comercial de Pernambuco (Jucepe), ao longo do ano passado a abertura de empresas deu um salto de 24% sobre os resultados registrados em 2020. A melhora, no entanto, ainda é tímida frente o desafio do ambiente de negócios do Estado. No mesmo ano, Pernambuco apresentou quase 40% a mais de empresas fechadas. A dimensão nacional do problema mostra que, no segundo quadrimestre daquele ano, por exemplo, o percentual de abertura de empresas, na comparação com todos os estados do País, só foi maior que o de Sergipe, fazendo com que Pernambuco apresenta-se uma variação menor que todas as demais unidades da federação. 

O segundo ano da pandemia foi encerrado com 717.029 empresas em atividade no território pernambucano, um incremento de 112.833 empresas, com a engrenagem voltando a girar para Comércio de vestuário; Promoção de vendas; Comércio de cosméticos; Atividades de consultoria em gestão empresarial; Lanchonetes; Comércio de bebidas; Produtos de perfumaria e de higiene pessoal; Treinamento em desenvolvimento profissional e gerencial; Fornecimento de alimentos preparados preponderantemente para consumo domiciliar; Cabeleireiros, manicure e pedicure e Restaurantes e similares. 

Esses setores, em sua maioria com negócios de pequeno porte, fizeram com que o Estado tivesse em 2021 123.002 novos negócios. Em 2020, o total de aberturas foi de 98.652 - o que leva a um crescimento de 24,6%. 

“O ano de 2021 foi de retomada da economia e os dados demonstram um novo momento para a classe empresarial pernambucana”, justifica a presidente da Jucepe, Taciana Bravo. 

Entretanto, ao passo que as aberturas cresceram 24,6%, o fechamento de empresas avançou 37,14% no mesmo período.  Em 2020, foram 31.085 fechamentos. Já em 2021, 42.628 negócios não conseguiram manter as portas abertas.

Do lado econômico, é sabido que a inflação apertou, o crédito encareceu e a demanda sumiu, excetuando-se casos como o de setores destacados acima, que se equilibraram com a crescente demanda existente ou viraram o caminho para aqueles viram o mercado de trabalho encolher. 

Já do lado burocrático, dados do Ministério da Economia apontam alguns sinais que ajudam a compor o quadro explicativo da dificuldade de Pernambuco se livrar da alta taxa de desemprego (19,3% - a maior do País, segundo o IBGE) e, sobretudo, da informalidade, que bate os 52% num Estado com 33% das pessoas trabalhando por conta própria - reflexos diretos do movimento de abertura e fechamento de negócios.

No segundo quadrimestre de 2021, dado mais atualizado do boletim do Mapa de Empresas, do Ministério da Economia, Pernambuco foi o segundo estado do País com o menor percentual de abertura de negócios, comparado com o quadrimestre imediatamente anterior, apresentando uma redução de -2,6% entre os períodos. Ainda que, entre o segundo quadrimestre de 2021 e o mesmo quadrimestre de 2020, a abertura de empresas tenha avançado 34,2%. 

“Estamos sempre atentos às necessidades dos empresários e buscando soluções para facilitar a vida de quem empreende em nosso Estado", diz a presidente da Jucepe.

No ano de 2021, a junta comercial do Estado passou a proceder com o registro mercantil exclusivamente em formato digital, iniciando também o pagamento do DAE via Pix (primeiro órgão público de Pernambuco e a primeira Junta Comercial do Brasil a receber o pagamento do DAE nesta modalidade).

Mais 20 municípios foram integrados no ano passado à Redesim, rede gerida pela Jucepe para simplificar o processo de registro e legalização de empresas. Ao todo, 82 municípios pernambucanos estão integrados. Na capital, em parceria com o prefeito João Campos (PSB), fora lançada a plataforma digital 'Balcão Único', que  permite a qualquer cidadão abrir uma empresa no Recife, "de forma simples, automática e em poucos minutos".

Recife foi a primeira capital do País e a terceira cidade no Brasil a implantar o Balcão Único. A ferramenta tenta desanuviar o cenário caótico para quem deseja ter uma empresa, já que no Recife são dois dias e 15 horas, em média; e em Pernambuco, três dias e 1 hora para a abertura de um negócio - quinto maior tempo dentre os estados do País nos números do segundo quadrimestre de 2021.  

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