Escândalo

Investigada por fraude com funcionários fantasmas, Compesa aumentou gasto com pessoal nos últimos anos

Na folha de mais de 6 mil servidores da Compesa foram apontados falsos concursados e funcionários fantasmas. Em pleno ano eleitoral, companhia está sendo investigada pela Polícia Civil de Pernambuco

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Adriana Guarda

Publicado em 13/05/2022 às 19:56 | Atualizado em 13/05/2022 às 22:10
Empresa tem mais de 6 mil funcionários diretos e indiretos em seu quadro - Divulgação/Compesa

A Companhia de Saneamento de Pernambuco (Compesa) vem aumentando o gasto com pessoal nos últimos anos. Enquanto isso, funcionários fantasmas e falsos concursados na folha de pagamento estão sendo investigados pelo Departamento de Repressão ao Crime Organizado (Dracco) da Polícia Civil do Estado. O escândalo veio à público em postagem do Blog de Jamildo, que teve acesso a relatórios internos da Compesa. O esquema vem acontecendo há 3 anos e perdurou no período da pandemia da covid-19. A Compesa diz que já resolveu o problema com a demissão por justa causa da funcionária envolvida.  

A Polícia Civil ainda não divulgou detalhes sobre o funcionamento do esquema, mas as demonstrações contábeis da Compesa mostram que os gastos com pessoal vêm aumentando, enquanto o némero de servidores na folha de pagamentos vem caindo. Os reajustes salariais subiram apenas pouco mais de um por cento sobre a inflação do período, o que não justificaria o aumento de despesa de milhões. 

Relatório atualzado no dia 2 de maio deste ano pela Compesa aponta para um número de 6.186 funcionários diretos e indiretos. O número é inferior aos 6.356 registrados em 2020 e 2021, mas as despesas aumentaram. A despeito da pandemia da covid-19, os gastos com pessoal foram aumentando.

Ao longo dos anos, a despesa foi subido. Entre 2019 e 2020 passou de R$ 280 milhões para R$ 306 milhões. No ano seguinte avançou para R$ 324 milhões e em 2021 alcançou R$ 327 milhões. Os dados estão nos demonstrativos contábeis da empresa.

Ciente da fraude, a Compesa diz que tomou as medidas necessárias para coibir a ação e que chegou a demitir uma funcionária por justa causa. Por meio de nota, a companhia explica que "o controle interno da companhia identificou, há 60 dias, irregularidades na folha de pagamento e, imediatamente, instaurou sindicância interna para apurar o fato, além de notificar a Polícia Civil para as devidas apurações". 

A empresa afirma, ainda, que a investigação interna foi concluída em abril. "O procedimento interno foi concluído no mês passado e a funcionária envolvida demitida por justa causa. A Compesa repudia veementemente tais atos e está atuando com todo o rigor que o caso requer, inclusive com ação ajuizada na justiça para reparação dos danos causados aos cofres públicos, afirma, sem responder ao questionamento da reportagem de quanto foi o prejuízo causado.

Em 2021, a Compesa completou 50 anos de história. A empresa stá presente em 172 muncípios de Pernambuco, além do distrito de Fernando de Noronha, atendendo a uma população de 7,6 milhões de pessoas com abastecimento de água e 2,1 milhões com tratamento de esgoto. 

No ano passado, a companhia investiu de R$ 808 milhões, superando em 17% o resultado do ano anterior. Do valor investido em 2021, R$ 377 milhões foram utilizados para a melhoria e expansão dos serviços de água, R$ 413 milhões em esgotamento sanitário, incluindo a execução do Programa Cidade Saneada, que pretende universalizar o atendimento em 15 cidades da Região Metropolitana do Recife (RMR), além de Goiana. 

Apesar do avanço no resultado econômico e socioambiental, a Compesa precisa ficar atenta a golpes e fraudes que podem manchar a imagem da companhia em pleno ano de eleição. A empresa já tem um histórico de conflito político. O mais recente deles foi a saída do ex-presidente Roberto Tavares, a pedido do ex-prefeito Geraldo Julio, para dar a vaga a atual gestora Manuela Marinho.

Polícia Civil

Em nota, a Polícia Civil de Pernambuco informa que, "após solicitação da presidente da Compesa, Manuela Marinho, designou em caráter especial, Delegado do Departamento de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado (DRACCO), para conduzir apuração de supostas irregularidades na folha de pagamento da citada empresa estatal, que teriam sido praticadas por servidores públicos. Ao final das investigações, a PCPE se pronunciará sobre o caso".

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