A conta de água dos pernambucanos poderá subir 11,68% já no próximo mês de julho. Esse foi o percentual apresentado pela Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa) para a revisão extraordinária da tarifa em 2022. O aumento deste ano passa a ser de uma única vez, diferente das aplicações em 2021, quando a companhia teve dois reajustes homologados.
- Compesa responde sobre fraudes com funcionários fantasmas e diz que funcionária envolvida foi demitida por justa causa
- Compesa lança edital Inovação Aberta com investimento de R$ 1 milhão
- Apac e Compesa fazem visita técnica à barragem de Tapacurá. Veja como está o reservatório
- Governo de Pernambuco isenta tarifa da Compesa para cerca de 82 mil famílias prejudicadas pelas chuvas
De acordo com a Compesa, "apesar de todos os esforços para otimizar os custos nos últimos anos, os impactos econômicos trazidos pela Pandemia de covid-19, com diminuição de produção industrial mundial, pressão cambial e consequente inflação associados a crise hidroenergética brasileira, vem pressionando o caixa da empresa em decorrência de sucessivos aumentos de custos relacionadas ao câmbio e energia, especificamente, os Produtos Químicos e a Energia Elétrica".
Segundo o pleito da Compesa, a soma das defasagens projetadas destas duas despesas (produtos químicos e energia) para o período de ago/2021-jul/2022 é de R$ 185.668.618,83 (R$ 115.901.748,42 + 69.766.870,41).
"O valor ultrapassam o lucro líquido no exercício de 2020, R$ 177.239 mil, conforme demonstrações contábeis de 2020 publicadas, evidenciando a relevância do crescimento inesperado causando desequilíbrio na sustentabilidade econômico-financeira da empresa. Neste cálculo não estão sendo contabilizadas as defasagens ocorridas com os valores das despesas com energia elétrica que totalizaram aproximadamente R$ 133.582 mil desde a última revisão tarifária", justifica a estatal.
Caso seja aprovado o percentual pleiteado pela Compesa, apenas os consumidores da Tarifa Social, aqueles que consomem até 10.000 litros/mês, ficarão isentos do reajuste.
Atualmente, a Compesa cobra, aos consumidores residenciais, R$ 50,50 (até 10.000 litros/mês); R$ 74,30 aos consumidores comerciais (até 10.000 litros/mês); R$ 93,10 aos consumidores industriais (até 10.000 litros/mês) e R$ 71,81 aos consumidores públicos (até 10.000 litros/mês).
Uma aplicação de 11,68% poderia elevar as tarifas para R$ 56,40 (consumidores residenciais); R$ 83 para os consumidores comerciais; R$ 104 para os consumidores industriais e R$ 80 aos consumidores públicos.
Outros reajustes da Compesa
No ano passado, para "compensar os efeitos da inflação de 1º de julho de 2020 a 30 de junho de 2021", a Compesa teve aprovado um reajuste de 11,9% das tarifas. Além desse reajuste, em virtude do contingenciamento dos reajustes por conta da covid-19, foi aprovado um aumento de 2,4% no mês de janeiro daquele ano (referente a processo homologado em julho de 2020).
Aumento dos custos em meio a desperdício
Pernambuco está entre os 10 maiores estados com perdas de água na distribuição, ocupando a nona posição, quando levado em conta desde vazamentos até a clandestinidade. No Recife, as perdas chegam a 57,5% da distribuição. Na capital pernambucana, levando-se em conta o número de ligações ativas de abastecimento na rede da Compesa, ou seja, a totalização de clientes, as perdas são de 833 l/lig./dia. Levando-se em conta o Índice de perdas por ligação, que também é apresentado no estudo, o Estado tem média de 343,3 l/lig./dia perdidos (índice mais próximo à média nacional).
Em 2020, em todo o País, o Índice de perdas na distribuição de água ficou em 40,1%, de acordo com o relatório de de Gestão Técnica de Água divulgado na semana passada pelo Ministério de Desenvolvimento Regional. No Nordeste, o percentual sobe para 46,3%.
Esse percentual representa a fração do volume de água disponibilizado que não foi faturado por não ter sido contabilizado como volume utilizado pelos consumidores, seja por vazamentos, falhas nos sistemas de medição ou ligações clandestinas, ou seja, perdas reais e aparentes, e no caso de Pernambuco beira os 50% do é produzido e deveria chegar ao consumidor (49,8%).