Cada vez mais empresários e empreendedores brasileiros estão fazendo as malas para dar começar uma nova vida nos Estados Unidos. De acordo com dados da agência americana de incentivo a novos negócios (USAID) mais de 1.400 companhias e startups foram fundadas ou adquiridas por brasileiros desde 2016, quando houve uma mudança na lei durante o governo de Barack Obama, facilitando o acesso às permissões de trabalho para empreendedores estrangeiros.
De pequenas lojas, franquia de restaurantes, escritórios imobiliários e até filiais de multinacionais, a presença dos empresários do Brasil nos Estados Unidos tem a ver com a cultura americana de valorizar o empreendedorismo.
O êxodo de empreendedores brasileiros para a América não chega a ser uma novidade, mas impressiona pelos números atuais. Segundo Câmara Americana de Comércio (American Chamber), somente na Flórida, estado americano com a maior quantidade de imigrantes do Brasil, foram registradas novas patentes para mais de 800 produtos e empresas brasileiras desde 2020. A variedade de negócios é grande. Academias de artes marciais, salões de beleza, bares especializados em culinária brasileira e comércio de roupas estão entre os negócios mais frequentes e, quase sempre, mais rentáveis.
Para Marcelo Gondim, advogado de imigração que há mais de 20 anos atende clientes brasileiros em processos de green card, o governo americano oferece incentivos para atrair empreendedores brasileiros, o maior deles é o green card, que concede direito a residência legal nos Estados Unidos. "Somente neste ano fiscal, o Serviço de Imigração e Cidadania dos Estados Unidos [USCIS, na sigla em inglês] disponibilizou 300 mil vistos de imigrantes e categorias específicas de green card para estrangeiros qualificados por suas carreiras, emprego ou que desejam investir e levar seus negócios para o país” observou Marcelo Gondim, que mantém escritório na cidade de Los Angeles, Califórnia.
Ainda de acordo com o advogado, “o mais importante para o empresário interessado nos Estados Unidos é desenvolver um bom plano de negócios, que crie empregos e seja benéfico para o mercado de trabalho e economia americana, justificando assim porque a Imigração poderia lhe conceder um green card”, diz o advogado.
O processo para ser aceito como empreendedor, ou profissional de carreira, nos Estados Unidos é lento e demanda um investimento considerável. "Desde a elaboração de um Business Plan consistente, até a entrada no pedido de aceitação do governo americano (através do USCIS) e liberação do visto de entrada nos Estados Unidos por parte da Embaixada americana no Brasil, pode levar de 1 a 2 anos para a conclusão de todo o processo. O custo total, incluindo consultoria, elaboração de Business Plan e taxas do governo americano, fica em torno de U$12.500 [cerca de R$ 64 mil]", afirma Gondin.
Dependendo da área onde a sede da empresa for estabelecida, podem ser concedidas isenções de impostos estaduais e até federais. Segundo Marcelo Gondim, os Estados Unidos também abrigam diversas agências não-governamentais e associações de comércio que estimulam novos negócios, concedendo empréstimos e, dependendo do caso, fornecendo incentivo financeiro e parcerias diretas. "o governo americano valoriza um bom currículo. Títulos acadêmicos como mestrado e doutorado são bem vistos. Larga experiência profissional no setor que quer empreender, também", esclarece Gondim.