Mesmo criticando a Lei Complementar 194/2022, sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), para derrubada da alíquota do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) incidente sobre produtos considerados essenciais, como a gasolina, o governador Paulo Câmara (PSB) garantiu a sanção imediata do Projeto de Lei enviado pelo Estado para Alepe para executar a redução, caso o texto seja aprovado na Casa Legislativa.
Em recesso, a Assembleia deu início nesta quarta-feira (6) à tramitação do Projeto de Lei estadual 3546/2022, que trata de mudança na legislação estadual para adequação à exigência federal de redução do imposto, com uma autoconvocação extraordinária. A conclusão da análise do texto mais votação está prevista apenas para a semana que vem, na quinta-feira (14).
O governador, embora admita que irá "sancionar de imediato" a legislação estadual, garantindo a redução de 29% para 18% da alíquota do ICMS na gasolina, o equivalente a - 0,93 centavos por litro na bomba, alegou que a fixação de um teto, da forma como foi aprovada no Congresso, desrespeita a federação.
"Qualquer aumento ou diminuição da alíquota do ICMS precisa ser por lei, mesmo da forma como está sendo feita, uma lei que o Congresso aprovou sem consultar os estados, sem respeitar a federação", disse o gestor.
Segundo o governador, a orientação de mandar um Projeto de Lei estadual, para que só então seja cumprida a legislação federal, foi uma orientação da Procuradoria-Geral do Estado.
"A orientação da nossa Procuradoria-Geral do Estado foi mandar o projeto. Mandamos em regime de urgência e convocamos a Assembleia. E tão logo seja aprovado (o PL estadual), vai ser sancionado de imediato também, para que as alíquotas já diminuam", garantiu Paulo Câmara.
Na Assembleia Legislativa do Estado, de acordo com o deputado Romário Dias (PL) – que substituiu o presidente da Casa, deputado Eriberto Medeiros (PSB), será respeitado o prazo de cinco dias para iniciar a tramitação da matéria, para que os parlamentares possam propor mudanças por meio de emendas.
Com o período de autoconvocação extraordinário aberto nesta quarta, a previsão é de que as Comissões Permanentes iniciem a discussão das propostas na próxima quinta-feira (14) e, no mesmo dia, realizem a votação, em primeira e segunda discussão.
"A Assembleia tem que cumprir seu papel, não tem nada de deslize. Quem fez por decreto em alguns estados, fez equivocadamente, é inconstitucional. Porque para criar ou reduzir tem que ter uma lei autorizando", justificou o líder do Governo na Alepe, deputado Isaltino Nascimento.
Já para a oposição, Paulo Câmara está propondo um “drible político”, com o envio de um Projeto de Lei estadual para execução de uma legislação federal.
"A iniciativa fere o sistema federativo e será lembrada com uma mancha do legado Paulo Câmara. O Brasil passa por uma situação de emergência social, com uma onda inflacionária que atinge o mundo inteiro, e o pernambucano sofre ainda mais, graças à política nefasta do governo socialista", declarou o líder da oposição, deputado Antonio Coelho (União Brasil).
De acordo com a mensagem enviada pelo Governo do Estado, o PL 3546 pretende assegurar o cumprimento temporário da Lei Complementar Federal nº 194/2022. Assim, o texto possui “caráter excepcional e extraordinário”, enquanto se aguarda a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a constitucionalidade da nova norma federal.
Por enquanto, por meio de decreto, o governador do Estado, garantiu uma redução imediata de 0,41 centavos no preço da gasolina, fixando a base de cálculo da alíquota na mediana do preço cobrado ao consumidor dos últimos 60 meses.
Com a aprovação do PL que reduz estabelece o teto de 18% da alíquota do ICMS sobre o combustível, a previsão é de que haja redução de mais 0,52 centavos, totalizando uma baixa de 0,93 centavos no litro da gasolina vendido nos postos em Pernambuco.