O trecho de Pernambuco na ferrovia Transnordestina será executado, seja com recursos da iniciativa privada, seja com dinheiro do governo Federal. Quem garante é o ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB-AL), que está no Recife nesta sexta-feira (19) para participar de reunião com a governadora Raquel Lyra (PSDB).
O ministro trouxe de Brasília um recado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), pontuando que Pernambuco não vai ficar de fora da Transnordestina. A saída do Estado comprometeria o projeto de integração da ferrovia, que foi idealizada para ligar o Pauí, o Ceará e Pernambuco.
Em entrevista ao programa Passando a Limpo, da Rádio Jornal, ancorado pelo jornalista Igor Maciel e com uma bancada formada por Fernando Castilho, Maurício Garcia e Romoaldo de Souza, o ministro comentou sobre a Transnordestina.
"Não tem sentido o governo fazer uma ferrovia estruturante para o Nordeste, retirando o braço de Pernambuco (de Salgueiro até o Porto de Suape), dada a importância do Porto de Suape e do Estado para o desenvolvimento econômico da região. O presidente Lula, diferentemente da gestão anterior, não vai permitir que Pernambuco fique de fora. Nós vamos buscar alternativas para atrair outros investidores privados. Se não tiver essa alternativa, o governo vai tocar o trecho de Pernambuco com recursos públicos federais", garante.
Apesar da garantia de conclusão, o ministro não informou sobre o custo do trecho, sobre o a previsão de retomada das obras, sobre as converasas com a Bemisa (empresa privada interessada em assumir o trecho) e sobre as tratativas com a antiga concessionária, a CSN, que incluiu cláusulas no aditivo de contrato que entrega o trecho de Pernambuco, que poderiam dificultar uma volta do projeto.
Em dezembro de 2022, a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) - concessionária da Transnordestina - e o governo Jair Bolsonaro, assinaram um aditivo ao contrato de concessão, em que a empresa devolveu o trecho de Pernambuco, que vai de Salgueiro até o Porto de Suape. A companhia alegou a inviabilidade econômica do trecho.
O ministro Renan Filho afirma que com a mudança de governo, mudou a percepção sobre a obra. "O presidente Lula entende que não é razoável tirar o trecho de Pernambuco. Uma obra como esta não deve se olhar apenas o ponto de vista privado, mas o interesse púbico. Com a mudança de governo há a mudança de postura. A Bemisa já tem uma autorização para fazer o trecho, se assim desejar. Se ela não tiver como tocar sozinha, o governo vai fazer", reforça.
Em suas redes sociais, a governadora comemorou a boa-nova trazida por Renan Filho sobre a ferrovia. "Vai ter Transnordestina chegando a Suape! Acabo de receber aqui, no Palácio do Campo das Princesas, o ministro dos Transportes, Renan Filho, que trouxe a confirmação dessa e de outras obras estruturadoras que vínhamos pleiteando desde o início do nosso mandato junto ao Governo Federal. Além da Transnordestina, também vamos trabalhar na recuperação das estradas federais, como a BR-232 e a BR-423, e na duplicação da BR-104. Gostaria de agradecer pela boa notícia e a todo mundo que se dedicou ao assunto, como deputados e senadores pernambucanos, porque ninguém faz nada sozinho e essa vitória não é somente nossa, é de Pernambuco inteiro. Vamos em frente!", publicou.
A Transnordestina foi tema de discussão esta semana na Câmara Federal, na Assembléia Legislativa de Pernambuco (Alepe) e no gabinete da governadora Raquel Lyra (PSDB). Pressão política precisa continuar para fazer com que a promessa de participação de Pernambuco se transforme em uma breve retomada.