Pela primeira vez em 12 edições do Censo Demográfico, o IBGE identificou e contabilizou a população quilombola do País. São 1,3 milhão de pessoas, espalhadas por 1.696 municípios brasileiros. O Nordeste concentra 68,19% (905.415 pessoas) do total de quilombolas. Pernambuco é o quinto Estado brasileiro com o maior número de remanescentes de quilombos, com quase 80 mil pessoas.
Durante o Censo 2022, concluído em maio deste ano, o IBGE fez a seguinte pergunta: Você se considera quilombola? Entre os pernambucanos, 78.827 responderam que sim. O Estado tem a 5ª maior população do País, atrás apenas de Bahia, Maranhão, Minas Gerais e Pará. Proporcionalmente, os quilombolas compõem 0,87% da população total de Pernambuco. Apesar do percentual inferior a 1%, a porcentagem é superior à média nacional, que é de 0,65%.
Para localizar as comunidades, o IBGE realizou um pré-mapeamento de localidades conhecidas ou com ptencial de ocupação quilombola. O Instituto fez acordos de cooperação técnica e consultas a órgãos municipais, estaduais, como o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). As lideranças locais e o apoio da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq) também foram fundamentais.
Além de saber quantos quilombolas existem no Brasil e onde eles vivem, o Censo vai permitir, à medida que os diversos recortes da pesquisa forem divulgados, o cruzamento de informações sobre suas características, seu acesso ao mercado de trabalho, dados sobre rendimento, acesso ao saneamento básico e características de domicílios.
Os resultados do Censo mostram também que 113 dos 184 municípios pernambucanos, ou 61,4% do total, registraram a presença de ao menos uma pessoa que se declarou quilombola. Espacialmente, os quilombolas estão distribuídos por todas as regiões de Pernambuco, com maior predominância no Agreste Meridional, no Sertão do Moxotó, no Sertão Central e no Sertão do São Francisco.
Os municípios de Pernambuco que mais registraram a presença de quilombolas em números absolutos foram Custódia (7.744 pessoas), Bom Conselho (6.473 pessoas), Garanhuns (5.938 pessoas), Santa Maria da Boa Vista (3.622 pessoas) e Mirandiba (3.363 pessoas).
Já em termos proporcionais, a liderança ficou com Mirandiba, onde 23,74% da população total se declarou quilombola. Na sequência, estão Betânia (21,8%), Custódia (20,54%), Brejão (17,51%) e Itacuruba (16,6%), que completam o ranking de cinco cidades do estado com maior percentual de quilombolas em sua população.
Do total da população quilombola pernambucana, 6.769 pessoas (8,59% do total) vivem nos 14 territórios quilombolas oficialmente delimitados do estado, enquanto 72.058 pessoas que se declararam quilombolas (91,41% do total) vivem fora desses locais.
O conjunto dos territórios quilombolas oficialmente delimitados é composto pelos territórios com alguma delimitação formal na data de referência do Censo 2022 - 31 de julho de 2022 -, conforme os cadastros do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e dos órgãos com competências fundiárias nos estados e municípios.
Por meio da metodologia aplicada, o Censo 2022 também revelou a existência de habitantes que, apesar de residirem dentro dos territórios quilombolas, não se consideram como tais e, além disso, também identificou casos de domicílios ocupados por moradores quilombolas e não quilombolas. Em Pernambuco, por exemplo, das 8.772 pessoas que residem em territórios quilombolas, 77,17% se declararam quilombolas.
O território quilombola pernambucano com maior número de residentes é Conceição das Crioulas, em Salgueiro, no Sertão Central, com 2.370 pessoas, sendo que 888 delas, ou 37,7% do total, se declararam quilombolas. Já na comunidade de Timbó, em Garanhuns, no Agreste Meridional, dos 115 residentes, 100% se declararam quilombolas, a maior proporção entre todos os 14 territórios quilombolas do estado.
A pesquisa mostrou também que 29.029 domicílios particulares permanentes ocupados em Pernambuco têm pelo menos um quilombola como morador. Nessas residências, vivem 90.450 pessoas, sendo que 78.827 se declararam quilombolas.
Outro dado relevante apontado pelo Censo Demográfico 2022 foi que, enquanto a média de moradores por domicílio no estado foi de 2,83 habitantes por residência, ao restringir a análise para apenas os domicílios com pelo menos um morador quilombola, a média sobe para 3,12 habitantes por residência.
A população quilombola do país é de 1.327.802 pessoas, ou 0,65% do total de habitantes. Foram identificados 473.970 domicílios onde residia pelo menos uma pessoa quilombola, espalhados por 1.696 municípios brasileiros. O Nordeste concentra 68,19% (ou 905.415 pessoas) do total de quilombolas do País.
O Censo também mostrou que os Territórios Quilombolas oficialmente delimitados abrigam 203.518 pessoas, sendo 167.202 quilombolas, ou 12,6% do total de quilombolas do país. Destaca-se, ainda, que apenas 4,3% da população quilombola reside em territórios já titulados no processo de regularização fundiária.
"Com essa divulgação, o IBGE atende a uma demanda histórica da sociedade brasileira, dos órgãos governamentais e dos movimentos sociais. Conhecer o número de pessoas quilombolas e como elas se distribuem pelo país, no nível de municípios, vai orientar políticas públicas de habitação, ocupação, trabalho, geração de renda, e regularização fundiária”, declara Marta Antunes, responsável pelo Projeto de Povos e Comunidades Tradicionais do IBGE.