Há pelo menos uma década se fala na privatização da Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa) e não existe convergência sobre o tema. Na gestão da tucana Raquel Lyra, a governadora pagou R$ 16,5 milhões ao BNDES para fazer um estudo de concessão administrativa da empresa. Na prática, isso quer dizer que o governo do Estado vai conceder os serviços de distribuição de água e esgoto à iniciativa privada, que é a ponta da cadeia de serviços oferecidos pela Compesa.
Em entrevista ao programa Passando a Limpo, da Rádio Jornal, nesta terça-feira (10), o presidente da Compesa, Alex Campos, explicou a estratégia da companhia e negou a privatização. "O verbo privatizar não está no cardápio nem no vocabulário do governo, tampouco na direção da Compesa. Se for bem compreendida essa possibilidade inexiste. É inviável a privatização e é fácil explicar", destaca.
O executivo detalha que a Compesa é responsável pela produção, pelo tratamento e pela distribuição da água em Pernambuco. Isso inclui a captação nos mananciais e o barramento, além de atravessar as adutoras pelo Estado até chegar às estações de tratamento e depois distribuí-la para a casa das pessoas, indústrias, comércio e outros. Hoje a companhia atende uma população de 7,6 milhões de pessoas.
COMPESA FATIADA
"Pernambuco tem o pior balanço hídrico do Brasil, isso quer dizer que há pouca disponibilidade de água nos nossos reservatórios e isso faz com que em razão do número de pernambucanos, a gente tenha o pior balanço do Brasil. Nós temos a pior situação de racionamento do País. Tudo isso quer dizer que produzir água em Pernambuco é uma operação economicamente muito onerosa e que não atrai a iniciativa privada", reconhece o presidente da Compesa.
Além do alto custo da operação, a companhia também precisa fazer altos investimentos em infraestrutura para garantir o cumprimento do Marco Legal do Saneamento. Criado em 2020, ele estabelece que é preciso universalizar o acesso de água e esgoto à população até 2033. Para garantir esse avanço é necessário investir R$ 20 bilhões em obras de infraestrutura.
"Quando se fala em atrair a iniciativa privada para colaborar com esse esforço econômico financeiro, a gente está falando da terceira etapa do processo, a de distribuição", reforça Campos.
O BNDES está na fase inicial dos estudos para desenvolver o estudo apresentado como "Projeto de desestatização, mediante participação privada, na prestação dos serviços públicos de abastecimento de água e de esgotamento sanitário, bem como serviços de gestão operacional, em todos os 185 municípios do Estado de Pernambuco, atendendo cerca de 9,7 milhões de pessoas".