Nos últimos 10 anos, o desemprego explodiu em Pernambuco. Ao longo de uma década, a taxa saiu de um dígito em 2014 (8,2%) para 13,4% em 2023. Em anos mais críticos, como os da pandemia da covid-19, o Estado chegou a ter um quinto da sua população em idade para trabalhar desempregada, com a taxa chegando a 20,2% em 2021.
O baixo desempenho da economia, provocado por crises sanitárias, econômicas e internacionais, além de problemas de gestão fizeram com que o nível de desocupaçãode mantivesse em alto patamar no Estado, a partir de 2015.
Nesta sexta-feira (16), o IBGE divulgou o resultado da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Trimestral, mostrando que Pernambuco foi o Estado com maior taxa de desemprego do País no ano passado. Enquanto a média nacional fechou em 7,9%, o percentual local acançou 13,4%.
QUEDA EM 26 ESTADOS
Apesar do alto nível do desemprego em Pernambuco, a taxa reduziu em relação a 2022 (15,9%) e acompanhou a tendência de 26 dos 27 Estados brasileiros, que registraram decréscimo na taxa. A única Unidade da Federação que andou na contramão do País e apresentou alta foi Roraima, onde a taxa subiu de 4,9% para 6,6% (1,7 ponto percentual).
No caso de Pernambuco, além da diminuição da taxa em 2,5 pontos percentuais, o resultado foi o menor desde 2015, quando a taxa tinha fechado em 10,3% e foi a primeira vez que passou a ter dois dígitos, desde o início da série histórica.
“Apesar de se manter na mesma posição no ranking de desocupação no país em relação a 2022, Pernambuco apresentou melhora na média anual em 2023 e, principalmente, no seu último trimestre. Ou seja, os números apontam o movimento feito pelo estado no sentido de melhorar sua posição no Brasil, refletindo uma retomada econômica mais consistente, que começou no ano passado e que deve se fortalecer a partir deste ano de 2024”, afirma a secretária de Desenvolvimento Profissional e Empreendedorismo de Pernambuco, Amanda Aires.
PIB ESTAGNADO = DESEMPREGO
A posição de Pernambuco no topo do ranking do desemprego no País, reflete o baixo desempenho do PIB nos últimos anos. Depois de enfrentar uma onda de "crescimento chinês", como se dizia na época, com a chegada de grandes empreendimentos ao Estado, a economia encolheu. Desde 2014, o PIB pernambucano não teve mais um avanço consistente, nunca ultrapassando a casa de 2%.
A gerente de planejamento e gestão do IBGE em Pernambuco, Fernanda Estelita, afirma que o comportamento dos setores da economia já sinalizavam o impacto na taxa de desemprego. "Esses resultados da PNAD Contínua têm sido corroborados por outras pesquisas conjunturais do IBGE. Os indicadores de produção industrial, de serviços e de vendas do comércio já demonstravam, ao longo de 2023, um menor dinamismo na economia pernambucana, que acabam de refletir no nível de ocupação da população", observa.
A crise econômica mundial de 2015-2016, a pandemia da covid-19 e a desmobilização dos investimentos em Suape influenciaram na perda de força da economia local, mas o posicionamneto das gestões estaduais nos últimos também impactaram, na medida em que decidiram aplicar uma baixa taxa de investimento na economia, em comparação a outros Estados nordestinos.
Para 2023, a expectativa da Agência Consepe/Fidem é que o crescimento do PIB fique entre 2,5% e 3%, apresentando um avanço em relação a anos anteriores. A governadora Raquel Lyra, que assumiu o Estado no ano passado, costuma dizer que 2023 foi um ano para arrumar a casa e demonstra otimismo para o desempenho de 2024.
Do ponto de vista do mercado de trabalho, o lançamento do Novo PAC, com a retomada de várias obras, tendo a Refinaria Abreu e Lima como uma das âncoras, aponta para uma tendência de queda na desocupação a partir deste ano.
INFORMALIDADE PERSISTENTE
A PNad Contínua aponta, ainda, que a informalidade persiste em Pernambuco, contribuindo para puxar a renda para baixo. Da população ocupada no Estado, metade está na informalidade (50,1%). A pesquisa está falando de trabalhadores sem carteira, trabalhadores domésticos sem carteira, empregador sem CNPJ, conta própria sem
CNPJ e trabalhador familiar auxiliar. Para efeito de comparação, no Brasi, a taxa é de 39,1%.
Em 2023, o rendimento médio habitual de todos os trabalhos em 2023 foi de R$ 1.952, o quarto menor do País, atrás apenas do Ceará, do Maranhão e da Bahia. No Brasil, o valor é de R$ 2.979.
"O grande volume de pessoas no mercado informal, sem garantias trabalhismas e com menores rendimentos do trabalho, gera uma insegurança quanto ao futuro, refletindo em menores despesas e compras de menor valor. Isso reduz as perspectivas de investimento das empresas e diminuem as chances de contratação, num ciclo de baixo desempenho econômico no estado”, pontua Fernanda.
Acompanhe a evolução do PIB e a taxa de desemprego em Pernambuco (Em %):
Ano Desemprego PIB
2014 8,2 1,9
2015 10,3 -4,2
2016 15,1 -2,9
2017 17,0 2,1
2018 16,2 1,9
2019 15,2 1,1
2020 17,1 -4,1
2021 20,2 2,2
2022 15,9 0,9
2023 13,4 2,5 a 3,00*
*Previsão
Fontes: IBGE e Condepe/Fidem