PIB x Desemprego

Baixo desempenho da economia faz Pernambuco registrar maior taxa de desemprego do Brasil em 2023

Apesar de aparecer em primeiro lugar no ranking do desemprego no País, com taxa de 13,4%; Pernambuco apresentou queda na desocupação, com a menor taxa desde 2015

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Adriana Guarda

Publicado em 16/02/2024 às 19:47 | Atualizado em 16/02/2024 às 19:49
Informalidade em Pernambuco atinge metade da população ocupada, uma legião de sem-direitos trabalhistas - BOBBY FABISAK/JC IMAGEM

Nos últimos 10 anos, o desemprego explodiu em Pernambuco. Ao longo de uma década, a taxa saiu de um dígito em 2014 (8,2%) para 13,4% em 2023. Em anos mais críticos, como os da pandemia da covid-19, o Estado chegou a ter um quinto da sua população em idade para trabalhar desempregada, com a taxa chegando a 20,2% em 2021.

O baixo desempenho da economia, provocado por crises sanitárias, econômicas e internacionais, além de problemas de gestão fizeram com que o nível de desocupaçãode mantivesse em alto patamar no Estado, a partir de 2015. 

Nesta sexta-feira (16), o IBGE divulgou o resultado da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Trimestral, mostrando que Pernambuco foi o Estado com maior taxa de desemprego do País no ano passado. Enquanto a média nacional fechou em 7,9%, o percentual local acançou 13,4%. 

QUEDA EM 26 ESTADOS

Apesar do alto nível do desemprego em Pernambuco, a taxa reduziu em relação a 2022 (15,9%) e acompanhou a tendência de 26 dos 27 Estados brasileiros, que registraram decréscimo na taxa. A única Unidade da Federação que andou na contramão do País e apresentou alta foi Roraima, onde a taxa subiu de 4,9% para 6,6% (1,7 ponto percentual).  

No caso de Pernambuco, além da diminuição da taxa em 2,5 pontos percentuais, o resultado foi o menor desde 2015, quando a taxa tinha fechado em 10,3% e foi a primeira vez que passou a ter dois dígitos, desde o início da série histórica. 

“Apesar de se manter na mesma posição no ranking de desocupação no país em relação a 2022, Pernambuco apresentou melhora na média anual em 2023 e, principalmente, no seu último trimestre. Ou seja, os números apontam o movimento feito pelo estado no sentido de melhorar sua posição no Brasil, refletindo uma retomada econômica mais consistente, que começou no ano passado e que deve se fortalecer a partir deste ano de 2024”, afirma a secretária de Desenvolvimento Profissional e Empreendedorismo de Pernambuco, Amanda Aires.

PIB ESTAGNADO = DESEMPREGO

A posição de Pernambuco no topo do ranking do desemprego no País, reflete o baixo desempenho do PIB nos últimos anos. Depois de enfrentar uma onda de "crescimento chinês", como se dizia na época, com a chegada de grandes empreendimentos ao Estado, a economia encolheu. Desde 2014, o PIB pernambucano não teve mais um avanço consistente, nunca ultrapassando a casa de 2%. 

A gerente de planejamento e gestão do IBGE em Pernambuco, Fernanda Estelita, afirma que o comportamento dos setores da economia já sinalizavam o impacto na taxa de desemprego. "Esses resultados da PNAD Contínua têm sido corroborados por outras pesquisas conjunturais do IBGE. Os indicadores de produção industrial, de serviços e de vendas do comércio já demonstravam, ao longo de 2023, um menor dinamismo na economia pernambucana, que acabam de refletir no nível de ocupação da população", observa.

A crise econômica mundial de 2015-2016, a pandemia da covid-19 e a desmobilização dos investimentos em Suape influenciaram na perda de força da economia local, mas o posicionamneto das gestões estaduais nos últimos também impactaram, na medida em que decidiram aplicar uma baixa taxa de investimento na economia, em comparação a outros Estados nordestinos.   

Para 2023, a expectativa da Agência Consepe/Fidem é que o crescimento do PIB fique entre 2,5% e 3%, apresentando um avanço em relação a anos anteriores. A governadora Raquel Lyra, que assumiu o Estado no ano passado, costuma dizer que 2023 foi um ano para arrumar a casa e demonstra otimismo para o desempenho de 2024. 

Do ponto de vista do mercado de trabalho, o lançamento do Novo PAC, com a retomada de várias obras, tendo a Refinaria Abreu e Lima como uma das âncoras, aponta para uma tendência de queda na desocupação a partir deste ano.  

INFORMALIDADE PERSISTENTE

A PNad Contínua aponta, ainda, que a informalidade persiste em Pernambuco, contribuindo para puxar a renda para baixo. Da população ocupada no Estado, metade está na informalidade (50,1%). A pesquisa está falando de  trabalhadores sem carteira, trabalhadores domésticos sem carteira, empregador sem CNPJ, conta própria sem
CNPJ e trabalhador familiar auxiliar. Para efeito de comparação, no Brasi, a taxa é de 39,1%.

Em 2023, o rendimento médio habitual de todos os trabalhos em 2023 foi de R$ 1.952, o quarto menor do País, atrás apenas do Ceará, do Maranhão e da Bahia. No Brasil, o valor é de R$ 2.979.

"O grande volume de pessoas no mercado informal, sem garantias trabalhismas e com menores rendimentos do trabalho, gera uma insegurança quanto ao futuro, refletindo em menores despesas e compras de menor valor. Isso reduz as perspectivas de investimento das empresas e diminuem as chances de contratação, num ciclo de baixo desempenho econômico no estado”, pontua Fernanda. 

Acompanhe a evolução do PIB e a taxa de desemprego em Pernambuco (Em %):

Ano                Desemprego            PIB

2014                  8,2                      1,9

2015                 10,3                     -4,2

2016                 15,1                     -2,9

2017                 17,0                      2,1

2018                 16,2                      1,9

2019                 15,2                      1,1

2020                 17,1                     -4,1

2021                 20,2                      2,2

2022                 15,9                      0,9

2023                 13,4                  2,5 a 3,00*

*Previsão

Fontes: IBGE e Condepe/Fidem

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