Covid-19: Rei ordena prisão a quem descumprir isolamento, saída de casa mediante autorização por app, jogadores relatam rotinas em outros países

Reportagem do Jornal do Commercio conversou com alguns atletas que atuaram pelo futebol pernambucano, outros não, para saber como está a situação do país do clube onde está atuando. Nessa viagem online, fomos a sete países: Portugal, Bélgica, Turquia, Grécia, Chipre, EUA e Arábia Saudita
Filipe Farias
Publicado em 05/04/2020 às 8:03
Reportagem do JC entrevistou sete jogadores que atuam em países diferentes para saber a situação do coronavírus e a previsão do retorno do futebol na América do Norte, Europa e Ásia Foto: REPRODUÇÕES DA INTERNET


No combate ao coronavírus, o mundo do futebol segue adotando uma postura reativa. Como tem de ser. Sem expor jogadores, trabalhadores e os amantes da bola aos riscos do covid-19. Com as principais ligas paralisadas, a reportagem do Jornal do Commercio conversou com alguns atletas que atuaram pelo futebol pernambucano, outros não, para saber como está a situação do país do clube onde está atuando. Nessa viagem online, fomos a sete países: Portugal, Bélgica, Turquia, Grécia, Chipre, EUA e Arábia Saudita para descobrir quais medidas estão sendo adotadas por dirigentes e governantes pelo mundo afora, além dos cuidados que os desportistas brasileiros vêm tendo para não serem infectados pelo novo coronavírus.

EUA

Ainda no continente americano, porém mais acima, no Norte, conversamos com o atacante Taiberson, que atuou no Náutico na temporada 2016. O jogador, de 26 anos, atualmente defende a equipe do Rio Grande Valley, que disputa a USL Championship (Segunda Divisão dos EUA) e relatou um pouco da sua experiência no país norte-americano. "Está sendo um pouco difícil porque nunca passamos por uma situação dessas antes. A gente vem procurando tomar os devidos cuidados para passar por tudo isso da melhor forma possível. Aqui nos Estados Unidos, a população está reagindo bem a respeito do coronavírus. Todos seguem as orientações do Governo e procura sair o mínimo possível de casa para que esse vírus não venha a espalhar ainda mais. Está sendo uma experiência bem diferente", comentou.

 

PORTUGAL

Do outro lado do Atlântico, na Europa, outro ex-alvirrubro falou sobre a situação de Portugal, o goleiro Bruno. Assim como nos clubes do Brasil, o Gil Vicente, equipe que o arqueiro defende, também tem exigido dedicação dos atletas com os treinos em casa. "Já tem uns 15 dias que a gente não treina (no clube), estamos em quarentena. O diretoria disponibilizou uma bicicleta e deu um GPS para cada jogador. Essa medida é para que eles possam monitorar os nossos treinos físicos", declarou Bruno, que também aproveita o espaço aberto para complementar suas atividades. "Aqui tem um campo perto de casa e eu acabo fazendo duas vezes por semana treino físico", complementou.

BÉLGICA

Subindo um pouco pelo continente europeu, chegamos à Bélgica para conversar com o baiano Neto Borges, natural da cidade de Saubara. O lateral-esquerdo do Genk, time que disputou a atual edição da Liga dos Campeões - segue paralisada -, revelou que o seu clube vai retomar às atividades no dia de hoje. "Voltamos aos treinos no dia 5 de abril (hoje), mas ainda não se pronunciaram quando voltamos a disputar as competições. Todo mundo aqui sabe do momento difícil que estamos passando e seguimos batalhando contra esse vírus. Esperamos que esse caos passe logo para que possamos voltar a jogar futebol, que é o que amamos fazer. Mas ainda existe essa preocupação de está infectando o próximo e sendo infectado. Temos de ter paciência para esperar o caos passar e voltar a viver uma vida normal. Seguimos esperando o pronunciamento dos dirigentes da Liga Belga para saber como será o final da competição, sem que ninguém corra riscos", desejou Neto Borges.

GRÉCIA

Descendo um pouco o mapa mundi, conversamos com o volante Carlos Daniel, que atua na equipe do Chania Kissamikos, da Segunda Divisão da Grécia. Apesar de o clube ser sediado na Ilha de Creta (de proporção menor que as cidades de Atenas e Salônica, mais populosas do país), o rigor da cidade de Chania é o mesmo. "Aqui, o governo está agiu rapidamente para que o coronavírus não se expandisse de uma forma incontrolável como aconteceu na Itália (país vizinho). Até porque, a Grécia, depois da Itália, é o país que tem o maior número de idosos no mundo, em proporção à sua população. Só podemos sair de casa para serviços essenciais, como ir na farmácia, bancos, mercados, exercícios físicos e passeis com animal doméstico. Quem não respeitar isso, paga uma multa de 150 euros", disse Carlos Daniel, sem saber ainda quando retoma as atividades no campo. "Até agora, são muitas incertezas. Não sabemos se a temporada será cancelada ou retomada depois de um certo tempo. Os dirigentes e a federação grega não nos passaram nada de concreto. Não temos previsão", contou o cabeça de área de 24 anos, natural de Manaus, e que no Brasil só atuou pelo Nacional-AM.

TURQUIA

Um dos últimos países europeus a suspender suas competições devido à pandemia do novo coronavírus, a Turquia só se rendeu à paralisação do futebol graças à pressão dos jogadores. Um dos nomes que se rebelou contra a federação turca foi o volante nigeriano Obi Mikel, que rescindiu com o seu clube Trabzonspor (lidera o campeonato turco) por não concordar em jogar, mesmo com os portões fechados. O volante brasileiro, Gustavo Campanharo, que atua pelo Kayserispor, contou a experiência de conviver com o medo de ser infectado pelo covid-19. "A Turquia foi um dos países a ter a paralisação de suas ligas. A gente vinha jogando sem torcida, mas achávamos uma falta de respeito, nos colocando em risco também. Por mais que não tivesse torcida nas arquibancadas, no entorno da partida, no pré-jogo, ainda tinham muitas pessoas trabalhando. Temos contato com muita gente e que a qualquer momento poderia contrair o vírus e passar para outras pessoas. Graças a Deus que, na última semana, teve esse acordo de paralisação", comemorou Campanharo. "A maioria dos estabelecimentos que poderiam aglomerar pessoas foram fechadas. Porém, ainda vemos muita movimentação nas ruas. Nem todas as pessoas seguem as recomendações e o número de casos aqui na Turquia está subindo", relatou o ex-volante da Chapecoense.

CHIPRE

No Chipre, ilha localizada abaixo da Turquia, é onde está atuando o meio-campista Cal Rodrigues. Revelado nas categorias de base do Náutico, o jogador de 24 anos contou à reportagem doJCalgumas peculiaridades que estão sendo impostas pelo governo cipriota. "Aqui só podemos sair de casa uma vez no dia, que é das 9h às 18h. Tem um sistema aqui pelo celular que mandamos um SMS (mensagem de texto) com o nosso passaporte e temos de dizer o motivo de sair de casa. Selecionamos a opção e eles retornam autorizando você sair de casa. Você só pode usar esse SMS uma vez no dia. Está bastante rigoroso. Aqui, por ser uma ilha, é possível ter um controle maior. Até os aeroportos foram fechados", falou Cal Rodrigues, contando que os dirigentes dos clubes também foram bem cuidadosos. "Atleta também está exposto a pegar o covid-19. Minha noiva mesmo tem asma. Todo mundo corre risco de ser infectado e passar para outras pessoas. Temos de tomar cuidado. Aqui, o futebol paralisou total. Sem definição alguma de quando exatamente vamos voltar. Seguimos aguardando", contou o ex-alvirrubro, que atualmente defende o time do Enosis Neon Paralimniou.

ARÁBIA SAUDITA

Terminando a nossa viagem online, nos conectamos com o continente asiático para falar com o volante Anselmo, ex-Sport, que atua há duas temporadas no Al Wehda, da Arábia Saudita. No país monarca, as regras impostas pelo Rei Salman bin Abdulaziz Al Saud para combater o coronavírus são severas e quem não cumprir pode parar na cadeia. "Quando vou no mercado comprar algo se nota que está bem tranquilo nas ruas. Vemos poucos carros e poucas pessoas nas ruas. O pessoal segue bem as normas do governo, que colocou algumas regras rígidas a serem seguidas... Como a pandemia chegou aqui também, o Rei tomou providências para controlar (covid-19). Só pode ficar aberto mercado, farmácia e posto de combustível. A população só pode ficar na rua até as 15h, quando existe o toque de recolher. Depois disso, só pode sair na rua novamente no dia seguinte, às 6h, para fazer suas coisas. São regras que colocaram para tentar controlar a pandemia. Fora desse horário, se pegar na rua, a pessoa vai presa, tem de pagar multa... Está bem nesse estilo", relatou Anselmo, confirmando que não demorou muito para as competições no país serem paralisadas. "Só chegamos a fazer um jogo de portões fechados e, logo depois desse jogo, já recebemos a notícia que o campeonato ia parar. Até o momento, o que nos passaram é que até o dia 10 de abril iriam resolver se vamos retomar ou qual medida vão tomar em relação ao campeonato", concluiu o ex-cabeça de área leonino.

CONFIRA ENTREVISTA:

Listen to Reportagem com jogadores que atuam fora do Brasil- Esportes SJCC byRádio Jornal on hearthis.at

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