O piloto britânico Lewis Hamilton, seis vezes campeão mundial de Fórmula 1, denunciou o silêncio dos "grandes astros" do circuito "dominado por brancos", em relação à morte do afro-americano George Floyd, que desencadeou uma onda de protestos nos Estados Unidos.
"Alguns de vocês estão entre as maiores estrelas e ainda permanecem calados diante da injustiça", escreveu o piloto da Mercedes em sua conta no Instagram.
"Ninguém move um dedo na minha indústria, que é um esporte dominado por brancos. Sou uma das poucas pessoas de cor, ainda estou sozinho", acrescentou o piloto britânico de 35 anos.
George Floyd, de 46 anos, morreu no dia 25 de maio, quando foi detido em Minneapolis, Minnesota, depois de passar pelo menos cinco minutos no chão com o joelho de um policial sobre seu pescoço.
"Eu pensei que eles veriam agora por que isso acontece e que eles reagiriam, mas não podem estar do nosso lado. Eu só quero que eles saibam que eu sei quem eles são e que eu os vejo", disse Hamilton.
O piloto declarou que apoia apenas protestos pacíficos, mas acrescentou que "não pode haver paz até que nossos supostos líderes iniciem mudanças, não apenas nos Estados Unidos, mas também no Reino Unido, Espanha, Itália e em todos os lugares".
"A forma como as minorias são tratadas deve mudar", afirmou Hamilton, que defende a proteção do meio ambiente e das espécies animais e é vegetariano desde 2017, costuma intervir nos assuntos atuais em sua conta do Instagram.
Em outubro, ele se manifestou contra a agricultura intensiva e a criação de animais.
Mais tarde o piloto monegasco Charles Leclerc, da Ferrari, se manifestou. "Para ser completamente honesto, me senti deslocado e desconfortável em compartilhar meus pensamentos nas mídias sociais", disse ele em sua conta no Twitter. "E eu estava completamente errado", admitiu.
Leclerc recebeu a companhia do piloto da Williams, George Russell. "Todos nós temos voz para defender o que é certo - e até agora eu não sabia como usar a minha nessa situação. Para ecoar as palavras de @charles_leclerc, eu me senti deslocado ao compartilhar meus pensamentos sobre essas atrocidades publicamente", escreveu o britânico de 22 anos.
Alex Albon, um piloto britânico de 24 anos com raízes tailandesas, também disse que se sentiu desconfortável para falar. "Sinceramente, tenho hesitado em falar sobre a morte de George Floyd. Cresci de uma maneira muito privilegiada, protegido do racismo", escreveu o piloto da Red Bull. "Nunca é tarde para mudar e resolver o que está errado, isso é sobre justiça e defender a igualdade racial".
O pedido de Hamilton para que as estrelas se manifestassem pareceu reverberar em Lando Norris. "Tenho fãs e seguidores", escreveu o britânico de 20 anos da McLaren. "Eu tenho poder por meio disso para liderar e inspirar tantos. Mas também defendemos o que é certo".
Nicholas Latifi, canadense de 24 anos de origem iraniana da Williams, postou "Isso tem que parar" com um link para uma petição e as hashtags JusticeforGeorge e BlackLivesMatter.
Dois veteranos de 30 anos, o australiano Daniel Ricciardo e o mexicano Sergio Perez não se referiram a Hamilton em seus posts.
"O que aconteceu com George Floyd e o que continua acontecendo na sociedade de hoje é uma vergonha", disse o piloto da Red Bull.
O piloto da Racing Point tuitou um vídeo de um xerife americano não violento e adicionou a hashtag Blacklivesmatter.
Carlos Sainz, espanhol de 25 anos, piloto da McLaren e Antonio Giovinazzi, italiano de 26 anos da Alfa Romeo, também condenaram o racismo.