O governo do primeiro-ministro britânico Boris Johnson decidiu nesta terça-feira (16) prolongar durante o verão (hemisfério norte) o programa de refeições gratuitas para crianças desfavorecidas, após uma campanha de pressão liderada pelo jogador do Manchester United Marcus Rashford.
Quando o confinamento contra o coronavírus forçou as escolas e suas cantinas a fechar em março, o governo britânico criou um programa que permitia às famílias modestas receber cupons de compra de alimentos no valor de 15 libras (18,8 dólares) por criança e semana.
O programa deveria terminar com o início das férias escolares em julho, mas após a pressão encabeçada por Rashford, Johnson decidiu prorrogar a medida. "O primeiro-ministro recebe com satisfação a contribuição de Marcus Rashford ao debate sobre a pobreza", afirmou o porta-voz de Downing Street ao anunciar a medida, que custará 120 milhões de libras (152 milhões de dólares).
Desde o início do confinamento, Rashford está envolvido com esta causa. Ele recorda que, como integrante de uma família de cinco filhos com renda modesta, muitas vezes só conseguiu fazer as refeições com a ajuda da escola. "Sei o que é ter fome", escreveu o atacante Rashford, de 22 anos, em um artigo publicado na edição desta terça-feira do jornal conservador The Times.
Ele pediu ao governo a ampliação da medida que afeta 1,3 milhão de crianças desfavorecidas. Johnson afirmou que compreende "perfeitamente" que, devido à pandemia e ao confinamento, "as crianças e os pais enfrentam uma situação sem precedentes durante o verão", disse o porta-voz. Por este motivo concordou em ampliar a ajuda durante as seis semanas de fechamento das escolas.
"O plano não continuará além do verão e os alunos elegíveis serão aqueles que desfrutam regularmente de refeições escolares gratuitas", explicou, enfatizando que o Executivo quer o retorno de todas as crianças à escola em setembro.
A oposição trabalhista havia feito um apelo para organizar um debate no Parlamento e tentar obter a prorrogação do dispositivo. Rashford e sua iniciativa receberam o apoio de vários deputados conservadores, como o presidente da Comissão de Educação, Robert Halfon, que chamou o jogador de "inspiração e herói de nossa época".
No texto publicado nesta terça-feira, Rashford pediu aos deputados de todos os partidos que "deixassem a rivalidade de lado" e demonstrassem "solidariedade" sobre um tema que pode afetar "a estabilidade das famílias, em todo o país para as próximas gerações".
Responsável pelo tema Educação no Partido Trabalhista, a deputada Rebecca Long-Bailey afirmou que seria "insensível" por parte do governo não dar "este pequeno passo para aliviar a pressão econômica" que pesa nas residências e "garantir que as crianças possam comer durante as férias de verão".