O ex-meia Juninho Pernambucano, atualmente diretor de futebol do Lyon-FRA, costuma se posicionar politicamente em entrevistas e em suas redes sociais. Publicamente contrário à atual gestão do Governo Federal, o futebolista revelado no Sport deu fortes declarações sobre o tema ao jornal inglês The Guardian. Uma delas, inclusive, foi a de que deixou de falar com “80% ou 90%” dos amigos e familiares por terem votado em Jair Bolsonaro nas eleições presidenciais em 2018.
“No começo, por volta do segundo turno das eleições presidenciais de 2018, eu tentei falar para as pessoas e mostrar vídeos sobre tudo o que estava acontecendo. Bolsonaro é um filho do WhatsApp e das fake news. As pessoas que apoiam Bolsonaro eram maioria, então minha decisão foi de me afastar delas. Eu sei que algumas delas estão voltando atrás da sua decisão agora. Elas pensavam que Bolsonaro era a única opção”, comentou Juninho.
O desportista também fez críticas à estrutura social do país, onde ele opina que a elite financeira não entende quão grande é a disparidade econômica entre as pessoas e o quanto isso gera violência. Além do mais, Juninho Pernambucano também criticou o trabalho da imprensa na cobertura jornalística das eleições de 2018.
“O establishment no Brasil não tem empatia e quer fazer com que nós também não tenhamos. A elite (econômica do Brasil) não entende quão grande a desigualdade financeira é no país e, quanto maior ela é, maior será a violência. Estamos assistindo isso se desenrolar agora. Temos grandes jornalistas em nosso país, mas não um editor que vá em frente e publique. Mais de 42 milhões de pessoas não votaram em 2018. Se a imprensa brasileira tivesse feito seu trabalho real, Bolsonaro nunca teria sido eleito. Jornalismo de verdade: escreva e conte a verdade a todos”, avaliou.
Juninho Pernambucano também comentou sobre o momento que o Brasil vive com a pandemia. De acordo com dados do Governo Federal da segunda-feira (6), o país havia registrado mais de 1.623.284 casos de covid-19, com 65.487 óbitos. Segundo país no mundo com mais casos e mortes. O diretor do Lyon-FRA revelou uma "profunda tristeza" com a situação e disse que "é desesperador ver nosso país agora".
"Sinto uma profunda tristeza. É desesperador. Estamos fazendo tudo errado, indo contra tudo o que o resto do mundo está fazendo. Eu sou brasileiro, sei que somos um país pobre e nosso pessoal precisa trabalhar, mas isso é uma questão de vida. Se tivéssemos feito o lockdown, poderíamos estar perto do fim disso, mas não estamos. É desesperador ver nosso país agora”, concluiu.