Preocupada com possíveis casos de covid-19 durante o Campeonato Brasileiro, a CBF quer padronizar a realização de testes para detecção da doença feitos nos jogadores. O Estadão apurou que a entidade pensa em elaborar um plano para centralizar os exames no hospital Albert Einstein, para que tudo seja feito de forma padronizada e com maior grau de acerto.
Tanto a CBF como o hospital foram procurados pela reportagem e afirmaram que vão fazer mais reuniões nos próximos dias para alinharem como será esse projeto. O Campeonato Brasileiro terá início em agosto e vai durar até fevereiro do ano que vem, cercado de preocupações como o novo coronavírus. Testes frequentes, monitoramento de sintomas e jogos com os portões fechados estão entre as propostas.
O objetivo da CBF é conseguir testar os jogadores com um exame feito com os mesmos parâmetros para todos os jogadores. Atualmente, os clubes têm examinado os atletas com dois diferentes tipos de detecção do coronavírus. O exame PCR é o de coleta de secreção nasal e o de sorologia é feito a partir da coleta de sangue. Os departamentos médicos dos times têm utilizado equipamentos de 14 diferentes fabricantes.
Por causa dessa quantidade, a CBF considera ser necessário ter um padronização capaz de mostrar resultados mais reais das coletas. Até agora, somente os 20 times da Série A tiveram mais de cem jogadores com testes positivos para covid-19. O temor é que o número possa ser maior, até devido à quantidade de exames cujos resultados foram considerados inconclusivos.
A CBF tem como preocupação evitar o aumento brusco de casos depois do início do Brasileirão, quando as equipes vão ter uma agenda extensa de voos, espera em aeroportos e passagens por hotéis, ambientes que vão propiciar mais risco de contato com o vírus. O Campeonato Catarinense, por exemplo, foi suspenso após um grande aumento de casos. Episódios como esse servem de alerta para a CBF se precaver e garantir assim o desenrolar do calendário sem nenhum contratempo.
Dos times brasileiros, o que mais teve casos de covid-19 dentro do elenco foi o Corinthians, com mais de 20 confirmações. O consultor médico do clube, Joaquim Grava, afirmou que a elevada quantidade se explica justamente pelo clube ter realizado exames com um grau de sensibilidade maior do que o feito pelas demais equipes. Na opinião dele, quanto mais padronizada for a testagem, mais precisos serão os resultados.
"Os jogadores serão testados no sábado, mas isso não afirma 100% que estará todo mundo bem para jogar. O fato de você testar no sábado não significa que domingo, segunda ou terça o jogador não possa se infectar", afirmou Grava ao Estadão. "O teste rápido, aquele de furar o dedinho, não tem nenhuma validade, aquele tem até 70% de erro", comentou.
O médico consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) Alberto Chebabo também considera mais adequado se ter uma uniformidade de parâmetro na condução dos exames. "Padronizar é o ideal porque você coloca todos os jogadores de todos os times para serem analisados pelo mesmo laboratório ou hospital. Isso cria igualdade importante para se ter um panorama de como estão os possíveis casos", disse ao Estadão.