"Sabia sua origem, sua identidade", diz comentarista argentino sobre Maradona

Craque argentino faleceu aos 60 anos nesta quarta-feira (25). Além de sua contribuição dentro dos gramados, comentarista esportivo avalia que Maradona "viveu depressa", comparando que foram "120 anos em 60"
Klisman Gama
Publicado em 25/11/2020 às 17:35
ETERNO "Dom Diego" será sempre camisa 10 Foto: ALI BURAFI/AFP


A partida de Diego Maradona estremeceu o mundo do futebol, deixando um vazio que será preenchido só com as lembranças deixadas por este gênio do futebol. Além das memórias da passagem dele em Pernambuco, com a Seleção Argentina, mesmo sem entrar em campo, o estado também tem, em si, um outro elo ao futebol portenho. O comentarista esportivo Horácio Cometti, argentino radicado no Brasil e que vive no Recife há mais de 30 anos. Para ele, apesar da enorme tristeza pela perda do craque, era um momento do qual ele já se preparava para acontecer, devido a frágil situação da saúde de Maradona.

“É um dia triste para muita gente, para mim também, apesar de depois da cirurgia (de Maradona) eu ficar sabendo que a situação dele não era tão boa como queriam fazer parecer. Mas depois dessa cirurgia pensei um dia, ‘será que realmente ele vai fazer outro aniversário?’, porque tinha feito 60 anos no dia 30 (de outubro). É lamentável”, disse o comentarista.

Maradona viveu sua vida de maneira intensa desde o começo. Possui uma trajetória com vários altos e baixos, mas sempre foi uma figura que exaltava suas raízes. Ressaltava seu orgulho por ser argentino, de vir de origem humilde. Por onde passou e por tudo que conquistou, ele carregou consigo sua identidade. Mesmo que contraditório em vários momentos, se manteve fiel aos seus ideais. Esse lado do craque argentino é uma das grandes marcas que ele deixa, na visão de Horácio Cometti.

“Roberto Fernandes (técnico de futebol) fez um post interessante no Instagram, (dizendo que Maradona) viveu 120 anos em 60. Realmente acho que foi isso. Ele viveu muito depressa. Com 15 anos ele já era o sustento da família, comprou casa para o pai, organizou tudo para a família. A responsabilidades eram todas dele com 15, 16 anos. Então foi um rapaz que realmente nunca perdeu sua visão de mundo, sua condição de classe. Sabia onde estava parado, sabia sua origem, sua identidade. Isso foi muito importante. Se brigou ou não brigou com muita gente, faz parte de nós. Quem sai para o mundo sabe que muitas vezes você tem que brigar, e outras vezes tem que dar uma recuada estratégica”, encerrou o comentarista.

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