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De Pernambuco ao topo do Brasil: veja a trajetória de Daniel "Grevthar" Xavier, finalista do CBLoL

A final do CBLoL, entre a RED Canids e Rensga, será disputada no próximo sábado (4) no Rio de Janeiro-RJ

Cadastrado por

Túlio Feitosa

Publicado em 29/08/2021 às 9:30 | Atualizado em 14/11/2022 às 18:22
Daniel "Grevthar" Xavier é jogador da RED Canids e finalista do CBLoL - BRUNO ALVARES/CBLOL/RIOT GAMES

De um time semi-amador à final da maior competição do Brasil. O caminho traçado pelo recifense Daniel “Grevthar” Xavier, jogador da RED Canids, para o auge do cenário brasileiro de League of Legends (LoL) não foi fácil e, muito menos, rápido. Confira, mais abaixo, a entrevista exclusiva do Mid Laner da RED para o Jornal do Commercio.



Aos 23 anos, o atleta fez suas primeiras partidas como titular no Campeonato Brasileiro de League of Legends (CBLoL) já na fase decisiva e foi um dos responsáveis por levar a Matilha à grande decisão, diante da Rensga, que será disputada no dia 4 de agosto (sábado) no Rio de Janeiro. O confronto será transmitido pelos canais oficiais da Riot Games no Youtube, NimoTV e Twitch, além do canal por assinatura SporTV.

>> CBLoL: Rensga e RED Canids decidem título em final presencial no Rio de Janeiro

De Pernambuco ao topo do Brasil

Atuante na rota do meio (ou Mid Laner), Daniel deu seus primeiros passos com a equipe pernambucana NEO Llamas & Friends, com quem disputou sua primeira grande competição: Porto Digital LoL (PDLoL), que teve final presencial contra a CNB e-Sports Club, uma das organizações de Esports mais antigas do Brasil, e contou com a presença de milhares de espectadores no Shopping Paço Alfândega.

Quando completou 21 anos, ele teve a oportunidade de morar em São Paulo para jogar pela paiN Gaming, uma das maiores organizações do Brasil, até se transferir para a RED, na metade de 2019. Mesmo em grandes times, Grevthar disputou apenas competições de menores portes, como a fase classificatória para o Circuito Desafiante, considerada a segunda divisão do CBLoL, e no CBLoL Academy, competição criada para desenvolvimento das categorias de base das organizações, após o sistema de franquias ser implementada no cenário brasileiro da modalidade.

Mesmo começando o segundo semestre disputando o CBLoL Academy pelo time de base da RED Canids, o pernambucano foi acionado nos playoffs do CBLoL (principal) e foi um dos destaques da equipe nas vitórias por 3x0 sobre o Flamengo Esports, nas quartas, e por 3x1 diante da Vorax Liberty, na semifinal.

Em entrevista exclusiva para o Jornal do Commercio, Grevthar contou um pouco sobre a sua trajetória no cenário de League of Legends e a sensação de estar jogando na elite brasileira, além das expectativas para a grande final do CBLoL.

Confira a entrevista com Daniel "Grevthar" Xavier:

Desmotivado com a faculdade

"Quando eu estava no Recife, cursava Engenharia e estava em dúvida. Eu estava perdendo o brilho pela Engenharia e tendo um pouco de refúgio em jogar. Jogava, na época, por uma equipe pernambucana (a Neo Llamas), era algo um pouco amador, mas eu já sentia que tudo fazia sentido, ali, e estava perdendo um pouco de sentido no curso."

Atmosfera dos Esportes Eletrônicos

"Eu joguei um campeonato presencial (PDLoL), foi bastante gente, e nesse campeonato o Kami (ex-atleta de LoL) foi. Por ele ter ido, uma estrela e tudo mais, acabou chamando muita gente, que acabou assistindo esse campeonato. E parecia que eu estava jogando uma final de CBLoL.

Lembro como se fosse ontem. Estávamos ganhando por 2x0 e tomamos a virada por 3x2 e acabamos perdendo. Mas eu saí de lá de cabeça erguida e muito feliz, porque parecia que eu tinha achado o que realmente queria fazer da minha vida, que era jogar."

Apoio dos pais

"Cheguei avisando para todo mundo em casa: 'não dá mais, não sou mais feliz cursando Engenharia e gostaria de fazer isso (jogar)'. Meus pais não concordavam um pouco com as minhas decisões, porém eles apoiavam de todas as formas possíveis. Arcaram com o meu computador, não me atrapalhavam na hora que eu estava treinando e davam o suporte que podia ser dado.

Não culpo eles, por viverem em gerações diferentes. Não sei o que passou na cabeça deles quando eu cheguei para falar que não queria ser engenheiro e queria ir atrás do meu sonho, que era jogar. Deve ter sido uma barra muito pesada e agradeço do fundo do meu coração, até hoje, por terem feito isso."

Primeiro contrato assinado, em 2018

"A primeira vez que assinei um contrato foi com uma equipe de São Paulo (Curupira e-Sports), mas era virtual. Era usando Discord (aplicativo de chamadas) e nada presencial. Eu ainda jogava do Recife, mas já era assalariado. Era uma equipe muito antiga do Tier 3 (equivalente à terceira divisão do CBLoL)."

Oportunidade na paiN Gaming x Carreira profissional

"Quando terminou a temporada pela Curupira, recebi uma mensagem do Djoko (ex-manager da paiN Gaming), pelo Facebook, e perguntou se eu queria ser reserva do Tinowns (Mid Laner da paiN). Quando ele falou isso, fiquei muito feliz, parecia que todos os esforços, dedicação e o que eu estava indo atrás deu certo. Assinei o contrato com a paiN, quatro meses depois (no começo de 2019) eles me chamam para São Paulo e ali começou, realmente, a minha carreira profissional."

Ida para a RED Canids

"Joguei um campeonato com a paiN, no Tier 3, na equipe de base, que era a paiN Academy. Depois que acabou esse campeonato, ganhei destaque na RED Canids. Eu era muito próximo do Aegis, um dos atletas da RED Academy, e acabaram me contratando e é onde estou até hoje."

Do Academy para a final do CBLoL

"Quando eu descobri que eles queriam que eu jogasse o CBLoL, eu não estava tão surpreso porque eu sentia, assistindo os jogos deles e vendo os bastidores de perto, que faltava algo na (formação) principal, que eles não exerciam 100%. E era algo que, além de eu exercer muito bem e ser muito bom no que faltava neles, eu ainda complementava em muitos outros pontos.

Eu gosto de me ver como um jogador que tem vários estilos de jogos e o que o time precisar, estarei ali para me adaptar e fazer o time engrenar. O exemplo disso foi a gente ter conseguido ganhar do time do Flamengo Esports (Quartas) e da Vorax Liberty (Semifinal)."

Contribuição de Alexandre "TitaN" Lima, bicampeão do CBLoL em 2018, no elenco da RED Canids

"Não é a mesma coisa jogar presencialmente que jogar online. Jogamos nossas quartas e semis no nosso conforto. Jogamos em casa, no nosso computador, nos nossos equipamentos. Então a gente ainda não teve o baque, o impacto de estar jogando presencial, que vai ser a final no Rio de Janeiro, de estar viajando, saindo da nossa zona de conforto para jogar lá.

Então, até agora o TitaN não teve um impacto tão grande porque a gente ainda está bem no nosso conforto. Ele dá umas motivações, e tudo mais. Mas sei que ele vai ajudar mais do que já ajuda quando formos jogar o presencial lá no Rio."

Encarando o nervosismo

"Ainda não estou sentindo nervosismo, mas sei que, quando eu chegar lá, vai ser diferente. Mas sei que todo mundo está bem ansioso. Caso algum de nós dê aquela tremidinha, sei que terá companheiros de equipe, do lado, que vão ajudar essa pessoa. Então eu estou bem confortável com tudo. Sei que o TitaN vai ajudar, sei que o Jojo, o Aegis, o Guigo (outros jogadores da RED Canids) e eu sei que eu também vou poder ajudar qualquer um que estiver sentindo o peso daquele momento."

Daniel "Grevthar" Xavier irá disputar a final presencial do CBLoL no Rio de Janeiro - BRUNO ALVARES/CBLOL/RIOT GAMES

Expectativas para a final

"Estão muito boas. Sinto que a gente encaixou. O time está trabalhando muito bem, jogando como uma unidade e não mais como (jogadores) individuais. Acho que a base de todos os times é, primeiro, como ele se prostra para conseguir evoluir e tudo mais. Eu sinto que a gente se botou na primeira página nas primeiras semanas e agora a gente não para de evoluir.

Tenho noção de que, se a gente jogar no nosso 100%, temos grandes chances de ganhar da Rensga. Não vou dizer 100% de chances, porque é um esporte, um dia pode ser de uma equipe, em outro pode ser da outra.

Eu não vou dizer que a gente é favorito, jamais. Vou botar os pés no chão, com todas as decisões, e saber que eu vou fazer o meu. Estou bastante feliz com a caminhada, bem orgulhoso de como chegamos até aqui. E sei que aqui é só aquele finalzinho para fechar o split (etapa) com chave de ouro."

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