O presidente francês, Emmanuel Macron, afirmou nesta segunda-feira (22) que a França está "pronta" para sediar os Jogos Olímpicos de Paris 2024, quatro dias antes do início do grande evento esportivo mundial.
"Estamos prontos e estaremos prontos durante toda a competição", disse Macron durante uma visita à Vila Olímpica em Saint-Denis, ao norte de Paris.
A França inicia uma semana decisiva nos preparativos finais para a cerimônia de abertura às margens do Sena, com dois ensaios do desfile no rio agendados para segunda e quarta-feira, antes do grande dia, na sexta-feira (26).
O sol e as previsões meteorológicas dos últimos dias trouxeram alívio à organização, depois do pesadelo das chuvas intermináveis de junho, quando a qualidade da água do Sena e seu caudal não permitiam banhos, o que disparou todos os alarmes.
A cerimônia ocorrerá em meio a uma previsão do tempo "calmo", com temperaturas entre 22 e 25ºC, embora com alguma nebulosidade, de acordo com o canal Météo, que descartou o risco de tempestades, mas não a possibilidade de chuvas.
Durante meses, questões logísticas e de segurança suscitaram incertezas sobre sua realização no Sena. "Decidimos manter a cerimônia (...) Isto já é uma tremenda vitória", declarou Macron a jornalistas da imprensa internacional no Palácio do Eliseu, sede da presidência.
"No início parecia loucura", mas será a "única" com "artistas de calibre mundial, bailarinos e uma orquestra" que "transformarão Paris em um grande teatro ao ar livre", acrescentou, sem fornecer mais detalhes.
Ao lado do ministro do Interior, Gérald Darmanin, o presidente francês também supervisionou os elementos de segurança "mais confidenciais" desta cerimônia, na qual LeBron James, o maior pontuador de todos os tempos da NBA, será o porta-bandeira masculino dos Estados Unidos.
Horas antes da abertura dos Jogos, o rapper americano Snoop Dogg vai carregar a chama olímpica no último dia de revezamento, na periferia de Paris.
Israel é "bem-vindo"
A delegação de Israel para os Jogos Olímpicos de Paris 2024, integrada por 88 atletas, chegou nesta segunda-feira à capital francesa em um contexto de segurança tenso devido à guerra contra o Hamas em Gaza.
Uma parte do terminal 3 do aeroporto Roissy-Charles-de-Gaulle foi evacuada com a chegada dos israelenses.
A embaixada de Israel na França publicou na rede social X um vídeo no qual os judocas do país são vistos embarcando no aeroporto de Tel Aviv. "Bonjour la France", "Shalom la France", disseram alguns deles.
A delegação israelense terá que respeitar um estrito protocolo de segurança durante os Jogos, devido às tensões desencadeadas pela guerra entre Israel e Hamas na Faixa de Gaza, desatada após o ataque do grupo islamista no sul do território israelense no dia 7 de outubro do ano passado.
No sábado, durante uma manifestação de apoio ao povo palestino, o deputado francês Thomas Portes, do A França Insubmissa (LFI), afirmou que "atletas israelenses não são bem-vindos aos Jogos Olímpicos de Paris".
Após uma onda de indignação, explicou suas declarações e mencionou uma relação com a Rússia, cujos atletas participarão sob bandeira neutra e estarão ausentes do desfile de abertura devido à invasão russa da Ucrânia iniciada em 2022.
O ministro do Interior acusou-o de "colocar um alvo nas costas dos atletas israelenses", com traços de "antissemitismo".
Os atletas israelenses "já são os que correm maior perigo nos Jogos Olímpicos", disse o presidente do Conselho Representativo das Instituições Judaicas da França (Crif), Yonathan Arfi, que lembrou os 11 "assassinados por terroristas palestinos" em Munique-1972.
O presidente de Israel, Isaac Herzog, estará em Paris para a abertura dos Jogos, anunciou seu gabinete no domingo.
Nesta segunda-feira, Macron defendeu mais uma vez uma "trégua" nos conflitos pelo mundo durante os Jogos Olímpicos, esperando que o evento possa trazer "um momento de paz" e "esperança".
Legado
O presidente do COI, Thomas Bach, visitou a Vila Olímpica nesta segunda, onde chegam milhares de atletas e dirigentes, e são esperados até 14.500 no auge dos Jogos.
O complexo, que consiste em 40 blocos habitacionais, foi construído com técnicas inovadoras, utilizando concreto com baixa emissão de carbono, reciclagem de água e materiais reutilizados.
O objetivo também era substituir o uso de ar-condicionado por um sistema de refrigeração natural, mas algumas delegações olímpicas encomendaram cerca de 2.500 aparelhos de refrigeração portáteis para seus atletas.
Os Jogos também representam um impulso para a região de Seine-Saint-Denis, uma das mais pobres da França, onde estão localizadas a Vila Olímpica e o principal estádio de atletismo do Paris-2024.
Macron prometeu que a área não seria esquecida após o evento olímpico. "Voltarei depois dos Jogos para ver o legado com vocês e ver como a vida mudou", acrescentou durante a visita.