O Sport entrou na Série A de 2020 como um dos principais candidatos ao rebaixamento. E apesar da reação do Leão sob o comando do técnico Jair Ventura, que assumiu o Rubro-Negro na 6ª rodada da competição, esse status vem se confirmando por mais que o time não esteja na zona de descenso do torneio. No momento, o Sport conquistou 25 pontos e está na 15ª posição, tendo apenas um ponto a mais que a primeira equipe dentro do Z4 - que é o Vasco, clube que o Leão perdeu na 2ª rodada do returno.
Diante deste cenário, alguns fantasmas voltam a atormentar o Rubro-Negro. O primeiro, claro, é a mínima distância para a zona de rebaixamento, tendo dois confrontos pesadíssimos nas próximas duas rodadas diante de Santos e São Paulo, respectivamente. O segundo é o fantasma de 2018. Na campanha de dois anos atrás, o técnico Claudinei Oliveira deu uma cara competitiva ao Sport atuando de forma reativa, mas depois da Copa do Mundo daquele ano mudou o sistema de jogo e a equipe despencou - não ganhou de ninguém até o treinador ser demito, na penúltima rodada do primeiro turno de 2018.
Pegando o recorte dessas duas derrotas do Sport para Vasco e Atlético Goianiense, respectivamente, o Leão fugiu de sua principal característica: a marcação. Mostrou ser um time exposto, com falhas graves coletivas e individuais, além de confirmar a tese de que o Rubro-Negro é improdutivo com a bola nos pés. O Sport teve mais de 60% de posse nos dois jogos, mas foi praticamente nulo ofensivamente, com uma ou outra escapada nos dois jogos, evidenciando a falta de qualidade para propor o jogo e, além disso, mostrando que o time atuando de forma mais exposta é presa fácil para os adversários.
O principal motivo que fez o Sport contratar Jair Ventura foi o modelo de jogo do treinador que deu certo no Botafogo. Uma equipe que era estável defensivamente, reativa e competitiva. No Leão, o comandante conseguiu mostrar a melhor face desse time rubro-negro em recortes da Série A, mas os últimos dois jogos mostraram que a estabilidade do setor deixou de existir. Jogando em casa contra times que jogam o 'campeonato da permanência', o Sport foi um time muito exposto, algo que não foi diante de Atlético Mineiro e Ceará, por exemplo.
A estabilidade defensiva que o Sport mostrou em alguns jogos da Série A não impede que o time seja atacado. No entanto, é uma forma de tentar minimizar as chances reais do adversário, algo que o Leão conseguiu diante do Ceará, por exemplo. Para tentar reagir na competição, o primeiro passo deve ser estabilizar defensivamente, seja a partir da entrada de um terceiro zagueiro ou um terceiro volante, duas opções que podem ajudar a equipe de Jair Ventura a minimizar essa 'sangria defensiva'. O retorno de Marcão ao time, inclusive, pode fazer com que essa solidez defensiva volte aos melhores dias.
Contra Santos e São Paulo, a tendência é de que o Sport volte a atuar com três zagueiros e numa linha de cinco defensores, formação que fez o Rubro-Negro empatar contra Atlético Mineiro e Ceará, por mais que parte da torcida não tenha gostado muito da falta de ofensividade do time nos dois jogos.
Num time que joga dentro do limite técnico, as falhas individuais quando ocorrem são basicamente um xeque-mate. Apesar de duas atuações bem ruins diante de Vasco e Atlético Goianiense, a equipe de Jair Ventura também falhou individualmente. Contra o clube carioca, Patric foi presa fácil para as investidas do Cruz-Maltino pela esquerda, além de Adryelson ter falhado na marcação do atacante Cano, autor dos dois gols do Vasco contra o Sport.
Contra o Atlético Goianiense, o gol que a equipe sofreu foi a partir de uma cobrança de falta errada de Thiago Neves, com a colaboração de Patric que furou a bola no meio-campo e nem também matou a jogada - teve a chance para parar o jogo com uma falta.
Como citado acima, Adryelson, Patric e Thiago Neves falharam individualmente. Além das falhas, o nível técnico de peças fundamentais do time caiu bastante. O lateral-direito leonino está mal tanto da defesa como também no ataque. Ele, aliás, era um dos principais vetores para o Sport atacar, mas vem tomando várias decisões erradas, e jogando mal na frente. Já Thiago Neves é o jogador do elenco que mais participou efetivamente de gols desde que estreou pelo time, mas vem jogando muito mal e acabou comprometendo no último jogo.
Outras peças ofensivas que ficam apenas em lampejos são Jonatan Gomez e Leandro Barcia, além de Marquinhos. Apesar de já terem mostrado um bom nível de desempenho em alguns momentos da Série A, não conseguem manter uma regularidade de atuações, o que acaba piorando ainda mais a situação do setor ofensivo. No meio-campo, a lesão de Marcão fez com que Márcio Araújo acabasse sendo escalado, afrouxando ainda mais a pegada no setor.
Nas últimas seis rodadas da Série A, o Sport fez apenas um gol, marcado por Thiago Neves na vitória do time por 1x0 diante do Athletico Paranaense. Pegando o recorte do returno, o Rubro-Negro não marcou nenhum gol em três jogos até aqui. Além disso, também foi um time bem improdutivo nas últimas duas partidas, criando pouco, e tendo uma posse de bola com mais de 60% e sem saber o que fazer com ela em dois confrontos diretos.
O desempenho evidencia um dos grandes problemas do time: a falta de poder de ataque. As peças que o Leão tem para a disputa da Série A não se mostraram regulares até aqui, tendo um outro lampejo dentro da competição. Com a janela fechada para contratações, os últimos dois reforços do Rubro-Negro para a disputa da Série A foram Dalberto e Vinícius Popó, que ainda não realizaram a sua estreia pelo clube - o primeiro ainda deve demorar ao menos uma rodada, já que testou positivo para a covid-19.
Contra o Atlético Mineiro e Ceará, o Sport foi um time que conseguiu ter uma boa atuação defensiva, apesar de ter sofrido grande pressão, sobretudo no confronto contra o Galo. O Vozão rondou a área leonina, mas não conseguiu criar tantas chances reais. No entanto, nessas atuações, o Leão foi um time que atacou pouco, o que rendeu críticas por parte da torcida ao modelo de jogo adotado pelo técnico Jair Ventura nessas partidas.
Contra Vasco e Atlético Goianiense, a equipe buscou ser mais ofensiva, mas acabou ficando exposta, e nem conseguiu atacar e nem defender. Portanto, para tentar uma reação nas próximas rodadas, o Sport terá que achar um equilíbrio, algo que conseguiu em alguns recortes do campeonato. O último bom exemplo foi o segundo tempo diante do Athletico Paranaense.
No décimo terceiro episódio do Na Cara do Gol, podcast do futebol pernambucano da Rádio Jornal, Alexandre Costa, Maciel Junior, Lilian Fonsêca e Marcos Leandro analisam a situação do Sport na Série A do Campeonato Brasileiro. O programa vai ao ar toda segunda-feira, no canal da Rádio Jornal no YouTube.